É o «profundo êxtase e o espanto» que guiam Samuel Úria na composição de letras e músicas que os cristãos reconhecem, cantam e com as quais se relacionam na fé. Nascido na tradição protestante, a palavra «viva e eficaz» dos Evangelhos onde «Cristo e a figura do outro» são para si essenciais, moldaram-lhe a vida, a inspiração e a fonte de uma mensagem de esperança que a cada música entrega.
As alusões Bíblicas nas suas músicas – «um dos livros mais manuseados em casa» – são recorrentes, «implícitas por questões estéticas», «sinceras» e intrínsecas por relação primordial, procurando traduzir o imenso mundo interior, o «manancial de perguntas e respostas» que cedo lhe marcou o crescimento.
Nesta conversa, Samuel Úria afirma-se devedor do avô, Armelindo de Jesus, personalidade que poderíamos encontrar na ‘Carta aos Hebreus’, da conversão de T.S. Elliot, do «espanto» de José Tolentino Mendonça e da senda de Tiago Cavaco: «Procura a claridade mas respeita o mistério».