Uma grande multidão percorreu, ontem, as ruas da cidade de Guimarães na procissão em honra de S. Gualter, um cortejo litúrgico que está a ser novamente consolidado no calendário dos vimaranenses. Além do povo, várias instituições ligadas à Igreja ouviram o apelo da Irmandade de S. Gualter e associaram- se à festa. Do ponto de vista religioso, o dia de ontem foi cheio e com muitas mensagens de fé e apelos aos cristãos. De manhã, o Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga presidiu à celebração eucarística, solenizada pelo Grupo Coral de Azurém, e à tarde, foi a majestosa procissão em homenagem a São Gualter. Antes da procissão, houve momentos de adoração ao Santíssimo e reflexão, orientados pelo padre Armando Freitas, arcipreste de Guimarães e Capelão da Igreja dos Santos Passos ou de São Gualter. A igreja esteve repleta de fiéis. Seguiu-se a pregação feita pelo irmão José Pinto, frade franciscano do Colégio de Montariol, em Braga. Uma escolha que não é alheia ao facto de São Gualter ter sido franciscano. Na sua pregação, o irmão José Pinto, começou por fazer um apelo ao exemplo de São Gualter, ele que não teve medo de sair em missão até Guimarães. «O seu exemplo deve constituir um incentivo à procura de Cristo. Não vos canseis de procurar Jesus e de serem capazes de provocar as consciências», exortou. Mais à frente, o pregador, usando uma vez mais a vida de São Gualter pediu aos cristãos presentes que abrem o caminho, o coração e as consciências a Cristo. Ele que deve estar sempre em todos os aspectos da vida em sociedade: na ciência, na cultura, na política e no desporto. «Deixai que Jesus Cristo entre nos vossos escritórios, nas vossas escolas e acompanhar-vos em toda a vossa vida». Um último apelo foi feito no sentido dos fiéis aprenderem a contemplar o rosto de Cristo como fazia São Gualter, que por sua vez tinha aprendido com o seu mestre São Francisco de Assis. Depois desta sessão preparatória, seguiu-se a procissão, em que os únicos andores são de São Gualter, um dos quais referentes ao relicário proveniente da localidade de Fonte Santa, em Urgeses, local onde a tradição reza que São Gualter descansou e bebeu da água. A festa religiosa também vai ter mais dias O provedor da Irmandade, Monteiro de Castro, era um homem satisfeito pela forma como decorreram as festas religiosas e pela adesão das instituições locais. Entretanto, a irmandade quer equiparar os dias de festa profana à festa religiosa. Segundo o provedor, a ideia é ter mais dias para actividades religiosas, para dar mais visibilidade à festa e chegar a um maior número de pessoas. Não estão ainda definidas as actividades a realizar- se, mas é certo que vão ser preparadas acções para pelo menos quatro dias, os mesmos da festa da cidade. E tal como as Festas Gualterianas, que comemoram 100 anos de existência em 2006, a procissão e as cerimónias religiosas também fazem um século e as actividades vão ter outra dimensão, sobretudo para chegar mais perto dos fiéis. Vai ser constituída uma comissão, dentro da Irmandade, para preparar convenientemente o centenário de uma festa que os vimaranenses aprenderam a gostar. Recorde-se que a procissão, que não era realizada há trinta anos, foi retomada no ano passado. Segundo, os responsáveis da irmandade, a procissão veio para ficar e este ano deu mostras de consolidação. A Santa Casa da Misericórdia, a Irmandade de São Domingos, a Irmandade da Venerável Ordem Terceira de São Francisco, que este ano transportou o busto de São Gualter; Irmandade de São Torcato e a Irmandade da Penha foram algumas das entidades que honraram a festa com a sua presença. As entidades civis também fizeram-se representar, nomeadamente o presidente da Câmara Municipal de Guimarães e alguns vereadores, um representante do Governo Civil de Braga e a deputada Sónia Fertusinhos estiveram presentes tanto na eucaristia, transmitida pela TVI e pela Rádio Renascença, como na procissão.