O coordenador nacional da Pastoral da Saúde, monsenhor Vítor Feytor Pinto, defendeu ontem (17 de Setembro) em Vilamoura, que a medicina, para alcançar uma maior humanização, tem de privilegiar cada vez mais a relação humana porque o “apoio humano e afectivo e a assistência espiritual e religiosa” permitem ao doente uma “recuperação maior do seu estado”.
O coordenador nacional da Pastoral da Saúde que falava na abertura do IV Congresso de Medicina do Algarve, promovido pelo Conselho Distrital do Algarve da Ordem dos Médicos em que foi convidado para apresentar uma palestra sobre o ponto de vista religioso da medicina, considerou mesmo que “a terapia da relação pode contrariar aspectos que agravam a saúde” como a angústia, a solidão, o isolamento ou o desconhecimento.
Advertindo para as “tentações” da medicina, como o “lucro”, o “cientificismo radical”, ou o “prestígio na cidade”, que devem ser ultrapassadas “na perspectiva da relação integral com a pessoa”, concretizou que uma das tentações é pensar “não precisar de se relacionar com o doente porque a máquina dá todos os dados precisos para cuidar dele”.
Neste sentido, começando por afirmar a medicina como ciência “ao serviço da pessoa humana”, defendeu que “a arte médica tem de privilegiar, cada vez mais, a terapia da compaixão, de sofrer o problema do outro”. “Isto é um trabalho muito interessante que a arte médica tem de contemplar até às últimas consequências. É este acompanhar o outro que «morde» o problema do religioso porque todo o ser humano é religioso”, afirmou, acrescentando que “o ser humano é um complexo” e que, por isso, a atenção deve ser dada ao “homem todo”, não esquecendo as componentes biológica, psicológica, social, cultural, espiritual e até religiosa.
“Quando quero cuidar da pessoa tenho de olhar para a pessoa toda e não apenas para parte da pessoa”, completou, apontando a religião como “componente indispensável na plenitude do trabalho do apoio integral à pessoa humana”.