Subdiretor geral dos Serviços Prisionais qualificou de «altamente positivo» trabalho dos católicos junto dos reclusos
Lisboa, 07 dez 2012 (Ecclesia) – O subdiretor geral dos Serviços Prisionais, Jorge Azevedo, qualificou hoje de “altamente positivo” o “contributo e presença muito efetiva” da Igreja Católica nas prisões.
As declarações do responsável à Agência ECCLESIA foram prestadas na abertura do encontro sobre Envelhecimento Ativo e Diálogo Intergeracional em Contexto Prisional, que decorre em Lisboa.
O coordenador nacional da Pastoral Penitenciária explicou que a Igreja trabalha para que o recluso “valorize a vida e o tempo, ao mesmo tempo que se recompõe interiormente, pacificando-se com ele próprio, a família, as pessoas que prejudicou e a sociedade, de modo a voltar para o exterior capaz de lutar por um futuro risonho”.
O Estado “tem vindo a valorizar cada vez mais a presença das pessoas que levam alguma dose de espiritualidade” às cadeias, fator “importante não só para apaziguar os reclusos e o ambiente na prisão, mas também para os recuperar em relação ao exterior”, notou o padre João Gonçalves.
“A legislação prevê que a Igreja preste um serviço a quem o pede, o que coloca alguma dificuldade em fazermos a primeira evangelização. Se a cumpríssemos com todo o rigor, quase que não nos poderíamos dirigir às pessoas”, observou, ressalvando que essas “limitações” advêm do acordo entre Portugal e a Santa Sé (Concordata).
O sacerdote salientou que a Igreja Católica em Portugal tem um “trabalho enorme” a fazer na prevenção da criminalidade e no apoio a quem regressa à liberdade, já que a Pastoral Penitenciária é mais do que a proximidade aos reclusos através dos capelães e visitadores leigos.
“Há dioceses de Espanha que têm um núcleo de Pastoral Penitenciária em praticamente todas as paróquias, o que é fabuloso para quem sai da prisão e sabe que pode contar com quem o apoie e ajude na reintegração”, referiu.
Depois da cadeia o capelão é uma “referência”: “Eles [ex-reclusos] sabem que nós somos sempre o ombro; podemos não dar tudo mas damos acolhimento e orientamos para quem os pode ajudar”, adiantou.
O deputado Fernando Negrão, do PSD, afirmou que a Igreja está “sempre ao lado dos mais esquecidos dos esquecidos” e frisou que Portugal está “em dívida com a Cáritas”.
“A Igreja Católica é fundamental na ação social em Portugal. Sem ela teríamos uma crise por cima da que já existe”, sublinhou.
Fernando Negrão também destacou o contributo da espiritualidade para a recuperação e reinserção dos reclusos na sociedade: “É um aspeto muito importante de que se fala cada vez menos”.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, entidade que organiza o encontro, realçou que a reflexão sobre a população sénior nas prisões é uma iniciativa “única” em Portugal, no contexto do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, que se assinala em 2012.
A “exclusão” dos idosos, que “deixaram de ter valor e passaram a ter preço”, agrava-se no caso de pessoas que ficaram “longo tempo afastadas da sociedade”, vincou o responsável, antes de anunciar que a instituição está empenhada em dar “atenção especial” ao envelhecimento na prisão, aprofundando a colaboração que vem mantendo com a Pastoral Penitenciária ao nível do voluntariado.
RJM