Nuno Leitão recorda os «bons conselhos e incentivos» que recebeu e Patrícia Meireles destaca o apoio que continua a ser dado cá fora
Fátima, Santarém, 03 mai 2014 (Ecclesia) – Nuno Leitão e Patrícia Meireles são dois ex-reclusos que encontraram na Igreja Católica, no trabalho da Pastoral Penitenciária, dos seus sacerdotes e voluntários, uma janela de esperança e uma possibilidade de recuperação.
Em entrevista hoje à Agência ECCLESIA, à margem do 1.º Congresso Ibérico da Pastoral Penitenciária que está a decorrer em Fátima, Nuno Leitão destaca sobretudo os “bons conselhos e incentivos” que recebeu dos agentes católicos.
“Eles vão lá para nos dar o apoio que a gente não tem dentro das cadeias”, salienta o ex-recluso, que saiu em liberdade há cerca de dois meses.
Depois de voltar para a sociedade, o contacto com os visitadores da Pastoral Penitenciária manteve-se e foi através dessa ligação que Nuno Leitão marcou presença no congresso, deu o seu testemunho e disponibilizou-se também a participar num projeto que visa ajudar os reclusos.
No espaço do Congresso Ibérico, no Steyler Fátima Hotel Verbo Divino, foi inaugurada uma exposição com artigos para venda feitos por presos dos diversos estabelecimentos prisionais do país.
Para Nuno Leitão, “é muito importante “ colaborar neste trabalho pois sabe que qualquer peça que consiga vender estará a contribuir para “ajudar outros colegas que estão na situação em que ele já estive”.
“E conforme eu hoje estou a ajudá-los a eles, outras pessoas durante o tempo que eu lá estive também me ajudaram a mim e acho que isso é muito importante”, reforça.
Para Patrícia Meireles, o apoio pastoral dado pela Igreja Católica foi determinante para a sua recuperação social, até porque uma vez cá fora os agentes da Pastoral Penitenciária são “os únicos que continuam a interessar-se pelos reclusos e sem quererem nada em troca, que isso é que é de dar valor”.
“Quando saímos estamos completamente alienados e são sem dúvida um grande conforto e uma grande segurança para nós, porque sabemos que se nos passarem coisas pela cabeça ligamos e temos ali uma palavra amiga e apoio a todos os níveis”, reforça.
Olhando para a sua experiência na prisão, a ex-reclusa considera que ela “não foi um castigo, foi uma cura”.
“Curei-me de muitos males que tinha, cada um leva aquilo da maneira que sabe e uns usam para o bem e outros para o mal. Eu tentei usar sempre para o bem, já que ali estava ia tentar evoluir e consegui, graças a Deus, pelo menos eu sinto isso”, conclui.
O 1.º Congresso Ibérico da Pastoral Penitenciária, que vai prolongar-se até este domingo, tem como tema “Dignificar a pessoa presa”.
A Pastoral Penitenciária é um departamento da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que promove, anima e coordena a presença e a ação da Igreja Católica junto das pessoas privadas de Liberdade, das suas famílias e das instituições da sociedade que possam, de algum modo, tornar mais humana a vida de quem caiu na delinquência.
HM/JCP