Primeiro bispo dos católicos de língua hebraica A notícia da nomeação de um bispo auxiliar do patriarca latino de Jerusalém para os católicos de língua hebraica causou perplexidade na Terra Santa. A eleição, sem precedentes, foi confiado ao padre Jean Baptiste Gourion, abade do mosteiro de Santa Maria da Ressurreição, em Abu Gosh. Nesta localidade israelita vive uma pequena comunidade cristã de língua hebraica. Nascido em 1934, em Oran, Argélia, e baptizado com 23 anos de idade, na noite da Páscoa de 1958, o padre Gourion ingressou na Abadia de Bec, em França. Em 1976, com mais dois religiosos, foi enviado para Abu Gosh, a fim de aí fundarem um mosteiro beneditino. Em 1990, o patriarca latino de Jerusalém, Michel Sabbah, nomeou-o vigário episcopal e presidente da Obra de Santiago de Jerusalém para a atenção pastoral da comunidade cristã de língua hebraica. “A nossa comunidade é pequena, surgiu da criação do Estado de Israel, formada pelos cristãos que não eram de formação e de cultura árabe e que permaneceram em Israel”, explicou o padre Gourion. Em declarações à Radio Vaticano, o futuro bispo afirmou que o Papa tomou esta decisão porque “é necessário haver uma estrutura eclesial” para estes católicos, que não são de cultura e tradição árabe, como é o caso da maioria dos fiéis que pertencem ao Patriarcado latino de Jerusalém. Ainda segundo o padre Gourion, a imprensa de alguns países tem feito referência a um conflito entre os católicos árabes e os de língua hebraica. “É um criação artificial — esclareceu. Relacionaram-se factos que, na realidade, não têm qualquer relação entre si. Mas ao fazê-lo, puseram-me em confronto com o patriarca, fazendo uma interpretação política desta nomeação”. “Trata-se de uma medida pastoral do Santo Padre” – disse. Com a sua nomeação, acrescentou, pretende-se promover as boas relações que já existem com o mundo judaico, confirmando assim uma das notas marcantes do pontificado de João Paulo II — o diálogo Inter-religioso.