Primeira «Casa dos Vizinhos» abre no Porto

Projecto da Fundação Filos pretende fomentar a «boa vizinhança» pelas ruas da cidade

Promover um movimento de cidadania activa, envolvendo as pessoas umas com as outras, rua a rua, combatendo problemas, procurando soluções, derrubando “muros” como a indiferença, o abandono e a solidão.

Estes são os principais objectivos da Fundação Filos, que em conjunto com o Movimento Comunidades de Vizinhança (MCV), deram vida ao projecto “Casa dos Vizinhos”.

Depois de dois anos de estudo e preparação, a primeira Casa já abriu na zona oriental do Porto, mais concretamente no número 929 da Rua de Costa Cabral, freguesia de Paranhos.

Em entrevista à agência ECCLESIA, o padre José Maia explica que este projecto pretende colmatar “a falta de políticas sociais de carácter territorial”, considerando a rua como “a unidade de território que mais atenção deve merecer”.

Segundo o presidente da Fundação Filos, existem problemas que “não têm sido devidamente acautelados no país, nomeadamente ao nível das pessoas idosas, em solidão e abandono, em especial no meio urbano.

Para além de um “ponto de encontro”, onde cada pessoa de determinada rua pode levar ideias, apresentar sugestões ou simplesmente passar lá alguns momentos, escapando à solidão, a Casa dos Vizinhos será uma plataforma a partir da qual se poderão organizar todo o tipo de serviços solidários.

A estrutura tem um Correio dos Vizinhos, “onde as pessoas podem fazer chegar as suas propostas, as suas dificuldades, para depois serem tratadas” realça o padre José Maia. Depois, entram em acção as “Sentinelas de Rua”, um conjunto de voluntários que tem como responsabilidade estar atento às necessidades da população.

“Há duas coisas a sinalizar” acrescenta o sacerdote: uma bolsa de necessidades e um banco de recursos, envolvendo o comércio e outros estabelecimentos daquela rua.

Depois de identificadas as necessidades que afectam cada rua, é preciso canalizar para lá os recursos que existem. Por exemplo, “um restaurante pode dar uma refeição gratuita. Cada um contribui a partir daquilo que tem, ao nível da vizinhança”, explica o presidente da Filos.

No futuro, a ideia é estender a Casa dos Vizinhos a outras ruas da cidade do Porto. Para tal, o padre José Maia considera essencial que se dê um aproveitamento maior às inúmeras casas entaipadas e devolutas da região.

“Não podemos continuar anos e anos com casas degradadas quando ali se podem ir colocando respostas sociais. O bem privado não se pode sobrepor ao bem comum”, conclui o sacerdote.

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