D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, foi um dos participantes na conferência de imprensa promovida em Aparecida, na passada sexta-feira, para dar conta do andamento dos trabalhos da Assembleia Magna dos Bispos latino-americanos e caribenhos. Perante os jornalistas, o Arcebispo de Braga referiu-se à condição missionária do nosso país, onde a Igreja também vive um divórcio entre a fé e a vida diária. “Por isso, vemos com muito entusiasmo a temática desta V Conferência”, afirmou. Das primeiras semanas de trabalho, o presidente da CEP destacou a percepção de uma “mudança de época”. “São tempos diferentes. Temos de mudar. Se não mudarmos estaremos condenados a passar despercebidos”, disse. O Arcebispo de Braga recordou que discípulos e missionários somos todos e manifestou que o desafio é a renovação das estruturas da Igreja. “Estar mais perto da gente, de maneira especial dos pobres. Sair de uma Igreja refugiada em si mesmo, para uma Igreja que dá a cara e sai ao encontro do irmão”, apontou. D. Jorge Ortiga precisou que os tempos actuais não são de doutrinas nem de linguagens dogmáticas. “Há que falar menos e viver com mais amor. A Igreja deve estar ao serviço da Vida”, concluiu. Igreja inconformada O Cardeal Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, presidiu à Eucaristia neste sábado, 26 de Maio, véspera da festa de Pentecostes. Durante a sua homilia, fez uma saudação especial aos peregrinos que neste fim semana vêm ao Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida, ” a todos aqueles que vêm oferecer suas angústias e sofrimentos, talvez a pobreza, o desemprego, suas alegrias, sonhos e projectos”. “A Igreja da América Latina deve sair em busca dos baptizados que não participam na vida em comunidade. Não podemos conformar-nos com esta realidade. A Igreja não pode ficar distante e negar-se a todos eles. Não podemos ficar em casa. Jesus convida a ir e anunciar a Sua palavra”, disse. o Cardeal brasileiro acrescentou que a Igreja deve organizar as suas paróquias, seus movimentos e os leigos como grande estimuladores desta missão: “É uma missão que deve responder às necessidades dos nossos povos, a pobreza e o desemprego. Devemos ser solidários. Anunciar Jesus Cristo exige ser solidários e assumir uma opção preferencial pelos pobres”. “Não podemos deixar de trabalhar para vencer a miséria e o sofrimento dos pobres em nome do Evangelho. Não se pode separar evangelização de promoção humana e o direito de viver dignamente”, prosseguiu.