“Fique perplexo” – foram as palavras do Presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, quando recebeu a notícia que Portugal é o país da União Europeia com mais disparidades entre ricos e pobres. Dados fornecidos por um relatório da União Europeia que mostra também que um quinto dos portugueses vive abaixo do limiar da pobreza, a maior proporção dos quinze, em igualdade com a Grécia. Eugénio da Fonseca questiona mesmo: “como é que este país, com as dimensões que tem e com o nível de desenvolvimento que tem, consegue ter estes níveis de distanciamento entre pobres e ricos?”. O fosso “cada vez é maior” por isso pode concluir-se “que o tipo de desenvolvimento que estamos a construir para o nosso país não é um desenvolvimento humano”. Um desenvolvimento preocupado com “a componente economicista” ao contrário do que seria de supor. E lamenta: o crescimento “não pode colocar uns quantos à margem e engordar uns poucos”. Segundo o Presidente da Cáritas, a classe média é um factor de desenvolvimento e “não pode ser destruída”. Situações que assumem uma “certa gravidade” porque “estamos a falar abaixo do limiar da pobreza”. O mesmo relatório realça que 45% dos jovens desiste da escola. Elementos que levam o presidente da Cáritas a afirmar que “estamos a criar uma sociedade sem níveis de preparação escolar” que depois responda às exigências “desse desenvolvimento”. Um autêntico “paradoxo” porque, “muitas vezes, estamos a preparar os jovens para o nada”.