Presépios de Estremoz mostram Alentejo

Barristas «Irmãs Flores» criam há mais de duas décadas uma figura por ano para uma colecionadora oferecer a cada um dos 16 netos

Estremoz – 27 dez 2013 (Ecclesia) – As barristas “Irmãs Flores” fazem presépios de Estremoz há mais de 20 anos e afirmam que a representação do nascimento de Cristo está na origem da “arte bonequeira” da localidade, inspirada no quotidiano alentejano.

“O figurado de Estremoz começou a fazer-se por figuras de presépio. As primeiras peças que se fizeram foram peças de presépio”, disse Maria Inácia à Agência ECCLESIA, que com a irmã Perpétua Sousa trabalha o barro na oficina das “Irmãs Flores”, no centro de Estremoz.

“Antigamente fazíamos mais o presépio tradicional, o de altar. Hoje há muitas pessoas que fazem coleção de presépio e nós temos de imaginar muitos, a partir das figuras tradicionais”, acrescenta a artesã à reportagem da ECCLESIA, sem deixar de trabalhar o barro para fazer mais uma peça para um presépio.

“Neste momento estou a fazer uma figura que é para acrescentar a um presépio de uma senhora que tem 16 netos e todos os anos oferece uma figura a cada neto. Cada um já tem um presépio com mais de 20 figuras, porque há mais de 20 anos que ela oferece uma figura”, recorda Maria Inácia enquanto termina mais um alentejano de capote que, com uma senhora com um menino ao colo, fazem as figuras para a colecionadora oferecer este ano.

Para as “Irmas Flores”, a criatividade é o desafio da arte tradicional que as motiva todos os dias a fazer presépios “diferentes”, a partir da cultura e das tradições alentejanas.

Perpétua Sousa sublinha que as “Irmãs Flores” têm “espalhados presépios por todo o mundo”, porque são procurados por muitos turistas não só no Natal, mas ao longo de todo o ano.

“O presépio de Estremoz é único. Não há em mais lado de nenhum. É um presépio de altar, inspirado nos muitos fontanários que havia na nossa cidade e composto por nove peças: a Sagrada Família, os três reis e os três pastores”.

O “presépio de altar” é o “caraterístico” de Estremoz, com três figuras expostas por cada um dos três patamares do altar que enquadra a representação do nascimento de Jesus na arte barrista desta localidade.

Perpétua Sousa conta à Agência ECCLESIA que para além do “presépio de altar” há muitas criações dos artesãos de Estremoz que recorrem a hábitos e costumes da região para representar a natividade, colocando o nascimento de Jesus nos mais variados contextos.

A cozinha alentejana ou o ambiente de um galinheiro são dois cenários para outros tantos presépios das “Irmãs Flores” que estão na VII Exposição de Presépios de Artesãos do Concelho de Estremoz, patente ao público na cidade.

Entre os 23 artistas presentes nesta mostra, que criaram presépios a partir de diferentes materiais como o barro, a cortiça, o ferro forjado ou a lá de ovelha, está Ricardo Fonseca, sobrinho das “Irmãs Flores” e a trabalhar na mesma oficina.

Primeiro para passar tempos livres, depois como ocupação profissional, Ricardo Fonseca aposta em “criações” pessoais, representando o presépio em novos ambientes, oferecendo outra criatividade à arte barrista que aprendeu das suas tias.

A VII Exposição de Presépios mostra 40 peças de artesãos de Estremoz e pode ser visitada até ao dia 6 de janeiro na Galeria D. Dinis

PR

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