Prémio Pessoa 2009 no Programa 70×7

À discordância da legislação que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, D. Manuel Clemente acrescenta a coincidência epocal infeliz em que é aprovada. Numa entrevista no contexto do Prémio Pessoa 2009, o Bispo do Porto explica o seu envolvimento com a cultura. Também com o que marca o debate sobre a regionalização, colocando-se ao lado dos que reagiram reagiram à transferência da prova «Red Bull Air Race» do Porto para Lisboa

A iniciativa legislativa do Governo, em plena quadra natalícia, que altera o Código Civil permitindo o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é feliz. “A coincidência epocal não é feliz”, referiu D. Manuel Clemente. Para o Bispo do Porto, a alteridade masculino/feminino está na base da construção da sociedade. “Há aqui um valor estruturante da sociedade, institucional, à volta de algo que a sociedade reconheceu como muito importante e que por isso precisava de ser salvaguardado e promovido”.

D. Manuel Clemente refere que, enquanto católico, a questão está resolvida: o casamento é o sacramento do matrimónio, celebrado entre homem e mulher. Enquanto cidadão – “que não desisto de o ser” – defende o casamento civil como sempre a humanidade o apurou: baseado da alteridade homem/mulher. “Alterar isto assim, ‘de uma penada’, é uma pena”, refere.

Para o Bispo do Porto, estas iniciativas legislativas acontecem de forma distante da sociedade, “até porque se distanciam, fazendo isto tão depressa, sem que tenha havido um verdadeiro debate”.

Numa entrevista a emitir no programa 70×7 deste Domingo, D. Manuel Clemente refere-se também à regionalização. E sugere o princípio da subsidiariedade como o que deveria determinar o estabelecimento de regiões no País. “Que as administrações mais largas e de topo não resumam em si toda a determinação social”, deixando para as instancias locais e regionais o poder de decisão sobre o que está ao seu alcance. O que nem sempre acontece, em Portugal: “há instâncias de decisão que, no caso da Região do Norte, não estão cá e se estivessem no dia-a-dia, se fossem pessoas de cá ou se cá vivessem, teriam, até com base existencial, muito mais capacidade e acerto para resolver do que estando distantes e tendo de olhar para o todo. Isso é lógico”.

É com esta certeza que dá razão aos que reagiram à transferência da prova Red Bull Air Race do Porto para Lisboa. “Mais uma vez, algo que estava aqui, com muito acompanhamento das entidades locais e do público, estava a resultar bem, projectava a região e era mais uma ocasião de desenvolvimento regional e que, não se sabe bem por quê, lhes é tirada”. “Eu não posso deixar de dar alguma razão a esta crítica”, refere o Bispo do Porto.

Numa entrevista ao Programa 70×7 no contexto da atribuição do Prémio Pessoa 2009, D. Manuel Clemente refere a sua atitude – de dar sempre “um sinal público da nossa atenção a quanto ocorre” – como a que possa estar na origem da decisão do júri. “Acho que essa é a missão da Igreja, como um sinal activo de atenção e de esperança”.

A entrevista é emitida integralmente no programa 70×7 deste Domingo e publicada posteriormente na Agência ECCLESIA.

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Agência ECCLESIA

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