Prémio Nobel da Paz quer educação para a cidadania global

O prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo, defendeu ontem, em Viana do Castelo, uma educação para a cidadania global de modo a que as novas gerações olhem de uma forma nova para a guerra e não a vejam como uma fatalidade e, ao mesmo tempo, se consciencializem da sua responsabilidade para com todos os homens. Intervindo no colóquio “Tolerância e multiculturalidades: desafios do século XXI”, o Bispo emérito de Díli – Timor sustentou que é necessário condenar com «firmeza a guerra» e que a paz, permanentemente sob ameaça, só será alcançada com a «erradicação » das injustiças e das desigualdades, das invejas e das desconfianças. O passo a dar chama-se solidariedade exercitada entre nações e povos, provendo às necessidades básicas de todos os homens. Nesta relação, frisou o prelado, a «verdade» é um pilar fundamental para a eliminação de toda e qualquer segregação que há-de ser aprofundada numa cultura de justiça ao reconhecer direitos e deveres a todos. Um dos desafios fortes do novo século, assinalou D. Ximenes Belo, é «estabelecer bases de educação para uma nova cultura da paz». Esta educação que deverá envolver da família à sociedade em geral, passando por todas as outras estruturas de governo e participação, acredita, mobilizará as pessoas para uma «cidadania global» com uma noção bem assimilada de que os direitos e deveres de cada homem superam as fronteiras de qualquer Estado nação. Neste colóquio, promovido pela Escola Profissional ETAP, o psicólogo forense Carlos Poiares chamou a atenção para a «civilização de plástico» que se está a construir onde «o dar é mais fácil do que o dar-se», sublinhando que o ser humano torna-se mais pobre cada vez que troca «emoções por cifrões». Numa bem humorada intervenção lamentou que na sociedade portuguesa se esteja a desperdiçar a riqueza de outras culturas que vêm até nós fruto da imigração e que lhe dói muito ouvir gente de emigrantes a serem xenófobos. «Se todos os que cá estão fossem para a sua terra, a nossa economia ficava no charco» por falta de mão de obra, explicou. Este professor da Lusófona diz que os nossos medos da diferença e a hiper-valorização de nós próprios está a causar o «ocaso» da solidariedade, em particular, intergeracional.

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