Prémio incentiva voluntariado em Aveiro

Instituição «Florinhas do Vouga» vê Confederação Nacional reconhecer o trabalho em favor dos sem-abrigo

A Confederação Nacional do Voluntariado decidiu distinguir a Instituição Particular «Florinhas do Vouga» com o Troféu Português do Voluntariado 2010, pelo seu trabalho modelo, dentro da área da solidariedade social.

De acordo com o padre João Gonçalves, «este troféu é altamente estimulante para a instituição e para os seus colaboradores».

«É sobretudo o reconhecimento de um trabalho que envolve imensa gente e uma óptima promoção para o voluntariado dentro da cidade de Aveiro» sublinha o sacerdote, presidente da direcção da «Florinhas do Vouga».

Criado em Dezembro de 2007, o projecto «Ceia com Calor» envolve hoje cerca de 90 voluntários, contando ainda com a participação do tecido empresarial local.

«Todos os dias, esses voluntários percorrem as ruas de Aveiro, com o objectivo de darem aos sem-abrigo uma refeição quente, um reforço para a noite», explica o padre João Gonçalves, em declarações à Agência ECCLESIA.

Neste momento, são cerca de 35 pessoas sem-abrigo que recorrem a este serviço de apoio. «Muitas delas são nómadas, ora estão na cidade ora partem para outros locais», acrescenta o presidente da direcção das «Florinhas do Vouga».

Trata-se de um projecto que não seria possível sem a colaboração de diversas padarias e pastelarias locais, que fornecem os bens alimentares. O sacerdote realça ainda «a participação da Universidade de Aveiro e de algumas escolas secundárias, com bens e com voluntários».

De há 3 anos para cá, o número de voluntários que procuram participar na «Ceia com Calor» não baixou, antes pelo contrário. «Temos pessoas em lista de espera, as empresas também não têm recuado, tem havido uma envolvência muito grande, o que também nos estimula muito» afirma o padre João Gonçalves.

O projecto contribui para a criação de uma maior relação com os sem-abrigo, permitindo que muitos possam ser acompanhados por técnicos especializados. Alguns deles são imigrantes, que devido à falta de trabalho, caíram na precariedade.

«Há muitas pessoas que podem ser encaminhados para processos de inserção ou de reinserção social, e temos outros, dependentes do álcool ou da droga, que podem ir para tratamento» defende o presidente da «Florinhas do Vouga».

Esta Instituição Particular de Solidariedade Social celebra este mês 70 anos de existência. Fundada em Outubro de 1940, por D. João Evangelista Vidal, na altura o bispo de Aveiro, ela começou por dar apoio às famílias carenciadas e às crianças de rua.

Ao longo dos anos, tem conseguido alargar as suas competências, para áreas como a educação, a toxicodependência e o apoio aos idosos. Ao mesmo tempo, tem construído uma rede de apoio, baseada no tecido empresarial local e no município de Aveiro.

Hoje em dia, o apoio às famílias pobres, devido ao desemprego e aos cortes nos subsídios do Estado, é uma das áreas que mais preocupa o padre João Gonçalves.

«A nossa Cozinha Social tem cada vez mais utentes e há também muitas pessoas que vêm à procura de uma outra valência que nós temos, a ‘Mercearia e Companhia’» revela, referindo-se a um cabaz de produtos alimentares que os utentes podem levar para confeccionar em suas casas.

Outro ponto que carece de maior atenção, e de mais voluntários, é o problema dos idosos, sobretudo aqueles que se encontram sem ninguém a quem recorrer.

«Um dos projectos para os quais estamos a trabalhar é precisamente nesta área, alargar o voluntariado aos idosos em ambiente de solidão, ter uma presença mais efectiva junto dessas pessoas», conclui o padre João Gonçalves.

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