Prémio Ibero-Americano de Excelência Educativa para o Colégio dos Carvalhos

O Colégio Internato dos Carvalhos, orientado pela Congregação dos Missionários Claretianos, acabou de ganhar o Prémio Ibérico-Americano de Excelência Educativa, prémio a ser entregue em Junho no Peru. O Conselho Ibero-Americano para a Qualidade Educativa atribui ainda ao Colégio os seguintes prémios: Título Honorífico e Medalha Doctor Honoris Causa; Título Honorífico e Medalha Magister em Gestão Educativa. Os Colégios Claretianos programam a sua acção em ordem a despertar e promover o desenvolvimento integral da pessoa humana. Além disso, reconhecem-se e declaram-se como escolas cristãs, dentro da missão da Igreja. Por isso, fundamentam o seu Projecto Educativo numa concepção cristã do homem e do mundo; criam um ambiente que facilite a acção evangelizadora; promovem o ensino religioso; estimulam o respeito e a promoção dos valores humanos, a educação para a liberdade, a abertura ao mundo, o amor para com os outros e o acesso à idade adulta na fé. Desde a sua fundação que o Colégio dedica um especial carinho ao internato. É uma forma de responder aos anseios de muitos encarregados de educação que, vivendo longe dos grandes centros, têm dificuldades em poder dar a melhor formação académica e o melhor acompanhamento aos seus filhos. Com o evoluir dos tempos, a aposta do Colégio deixou de ser as camaratas para os alunos do ensino básico e os quartos para os alunos do ensino secundário. Todos os alunos internos são alojados em quartos individuais: os do ensino básico no 5º andar e os do ensino secundário no 4º andar. O horário dos alunos internos é constituído por tempos para tudo: existem tempos fortes de estudo – esta é a grande tarefa dos alunos -, mas também existem tempos de convívio e de desporto. Hoje, todos os alunos internos são acompanhados pelo nosso Gabinete de Psicologia para além de terem igualmente uma actividade de enriquecimento curricular e todo o apoio dos sacerdotes e dos professores e prefeitos seus responsáveis. Os alunos internos do ensino básico realizam o seu estudo em conjunto, devidamente acompanhados por um Prefeito e por um Professor. Quer para os alunos do ensino básico, quer para os do secundário, o horário de estudo individual ronda as três horas e meia por dia. Nessas horas, em casos devidamente autorizados, poderão estudar a dois e, se houver algum trabalho que deva ser realizado em grupo, são devidamente acompanhados. Os momentos de lazer e recreio são passados em franco e são convívio entre todos. Uns jogam, outros conversam e outros, ainda, convivem no bar. Todos os alunos internos usufruem, igualmente, de uma actividade de enriquecimento curricular na área do desporto ou da música. História Colégio Internato dos Carvalhos Corria o ano de 1872 e alguém, inspirado por Deus, teve um sonho. Havia a necessidade de criar espaços novos para os jovens que queriam iniciar a experiência de uma entrega plena e total a Deus. E nesse sonho do Cardeal D. Américo, tudo parecia claro: era preciso sair da cidade e ir para o campo onde o contacto com a natureza possibilitasse a esses jovens uma espiritualidade sadia. Onde poderia ser esse espaço, era a questão que se levantava. Foi escolhida a freguesia de Pedroso e, mais propriamente, o lugar dos Carvalhos. Para além do bom ambiente campestre que aí se respirava, havia como razão abonatória a não grande distância a que ficava do Porto e as vias de comunicação não muito difíceis. E o sonho tornou-se realidade. Um lindo edifício – hoje, Lar Juvenil dos Carvalhos – nasceu rodeado de uma ampla propriedade onde os jovens, em contacto com a natureza podiam louvar e bendizer a Deus. Mas, e os outros jovens que havia na zona e que não pretendiam entrar para o Seminário? Como dar resposta aos seus anseios de uma formação humana, académica e cristã? Um novo sonho surge: criar um Colégio como dependência do Seminário. E eis o Pe. António Luís Moreira a deitar mãos à obra. Se este sonho surge na sua mente em 1899, apenas em 1907 pôde ser concretizado. Lindos sonhos, podem, por vezes, ser totalmente desfeitos devido às crises que no caminho surgem. Foi o que aconteceu! Os ventos da República, em 1910, levaram ao encerramento do Seminário e posteriormente, do Colégio (22/12/1912). Contudo, o Pe. Moreira nunca desanimou. Enfrentou os desafios então lançados e conseguiu que rapidamente (Janeiro de 1913) o Colégio novamente abrisse as portas para continuar a luta enérgica em prol da educação. E assim o Colégio foi crescendo e, em muitas ocasiões, foi considerado como um dos melhores estabelecimentos de ensino particular do País. Qualquer dos Relatórios do Colégio desses tempos e a que tivemos acesso, nos permitem ver que três eram os seus objectivos fundamentais. Em primeiro lugar, ressalta a educação física. No relatório de 1932, podemos ler: “numa inquirição rápida à vida colegial do ano findo, fica-nos esta súmula da nossa obra respeitante à boa formação física dos alunos: instalações escolares esplendidas, alimentação sadia e forte, campos de recreio, campos de jogos, passeios bissemanais pelos montes circunvizinhos, exercícios de ginástica… Tudo isto foi metódica e cientificamente aproveitado e comprovado no aspecto sadio e no óptimo estado sanitário do Colégio”. Um segundo objectivo prendia-se com a educação moral. No mesmo relatório, podemos ler em jeito de síntese: “…fica-nos o direito de proclamar o INTENTO, insistente e obsediante, DE GRAVAR FUNDO NOS ESPÍRITOS JUVENIS, como um prolegómeno de íntimos estados de alma, o CONCEITO DE DEUS com todos os seus direitos de Revelação, com todo o seu poder de domínio e luz sobre os passos hesitantes de quem assoma ao limiar da vida consciente”. Por último, e não menos importante que os dois anteriores, estava a educação intelectual. No referido relatório dedicam-se várias páginas a tratar deste assunto. Uma ideia, contudo as percorre, e é a de que o Colégio de Santo António dos Carvalhos estava solidamente preparado para ministrar o ensino com todas as garantias da mais perfeita valorização intelectual dos seus alunos. A aposta num ensino de qualidade continuava a nortear o Pe. Moreira bem como a Direcção do Colégio e todo o seu corpo docente. Mas os anos iam pesando, e o Pe. Moreira, a meados do século, já gasto pelos anos, sentia-se impotente para continuar a levar por diante o seu projecto. Custava-lhe, no entanto, ver esta obra morrer por falta de continuidade. Eram poucos os alunos que então o frequentavam. Tudo parecia desmoronar-se! Mas eis que surge um novo sonho: havia uns padres missionários nas Termas de S. Vicente, que podiam ser continuadores desta obra. Os contactos têm início em 1947, não directamente em relação ao Colégio, mas à implantação de um Seminário nos Carvalhos. Acordadas as verbas com o Provincial dos Missionários, estes compram o terreno para implantar o Seminário. Mais tarde, a 23/8/1950 dá-se a compra do Colégio. A população colegial era, na altura, de 50 alunos internos e 48 externos. O sonho parecia tornar-se novamente realidade. Uma lufada de ar fresco fazia com que o velho Colégio do saudoso Pe. Moreira, voltasse aos tempos áureos. Os folhetos que então o Pe. Roberto Marques, novo Director do Colégio, fez publicar e espalhar, mormente na zona centro e norte do País, teve os seus resultados. Era, no entanto, preciso proceder a transformações e melhoramentos. A pouco e pouco a confiança foi aumentando e com ela, o nível de frequência aumentou consideravelmente. Não se podia parar! A exemplo do Fundador dos Missionários, Santo António Maria Claret, era preciso deitar mão de todos os meios para levar por diante esta obra. Um novo Director surge, o Pe. Rodrigues Parola. E com ele as transformações sucedem-se. Do antigo Colégio apenas ficaram as paredes exteriores. Tudo, no seu interior tinha sido modificado. E prova de que a confiança se tinha reinstalado, é a de que em 1961, a frequência colegial era já cinco vezes maior que em 1950. Tão poucos anos e tantas transformações! Terrenos à volta foram comprados para que os alunos encontrassem no Colégio um autêntico ambiente familiar. O crescimento prosseguiu e um novo desafio se colocou: a necessidade de dar alguma privacidade aos alunos mais velhos. E é assim que surgem, sob a direcção do Pe. Alfredo Esteves, os quartos individuais para os alunos do 3º ciclo. Sentiram os Missionários que os horizontes poderiam ser mais alargados. Foi o que aconteceu desde 1974, altura em que assume a Direcção do Colégio, o Pe. João de Freitas Ferreira, ainda actual Director. O novo estilo de sociedade surgido com o 25 de Abril e, de modo particular, a adesão à União Europeia, fizeram sentir a necessidade de uma formação geral e científico-tecnológica adequadas. A este propósito refere o Pe. Freitas: “Perante este quadro, o Colégio dos Carvalhos começou a sentir, nos finais da década de setenta, que um disfuncionamento crescente se instalava entre o sistema de ensino e a realidade social do País. De imediato começou a manifestar (o Colégio) a sua preocupação e, após laboriosos estudos, avançou com alguns cursos técnico-profissionais. A inexperiência inicial e a falta de equipamentos foram, a pouco e pouco, ultrapassados e atingiu-se um ensino de alto nível e de reconhecida qualidade. A credibilidade criada à volta do ensino técnico-profissional tem sido tal, que os cursos complementares da via de ensino foram terminando para cederem o lugar aos cursos complementares técnico-profissionais. Podemos até afirmar que o Ensino Técnico-Profissional é, hoje a área em que o CIC melhores serviços presta às comunidades circunvizinhas”. E tinha razão o Pe. Freitas ao vislumbrar esta nova modalidade de ensino. Lembremos que as Escolas Industriais e Comerciais, com o 25 de Abril, tinham terminado. O que acontecia era que tínhamos profissionais que, se no campo científico, estavam bem preparados, a nível prático e tecnológico, deixavam muito a desejar. Mais uma vez o sonho se tornou realidade. As mudanças sociais que se fazem sentir no nosso mundo, vieram comprovar que os hoje chamados cursos científico-tecnológicos são a resposta cabal para os nossos jovens, queiram eles seguir para as Universidades, ou entrar no mundo do trabalho. É que para além da preparação científica que adquirem e que os deixa ao mesmo nível daqueles outros jovens que seguem a via de ensino, têm a seu favor, a prática simulada em laboratórios devidamente equipados, que lhes permitem uma formação tecnológica capaz de enfrentar os novos desafios. Mas não só de cursos científico-tecnológicos vive actualmente o Colégio. Todo o ensino básico (2º e 3º ciclos) são ministrados por forma a que os jovens estudantes adquiram uma formação humana e académica capaz de lhes abrir novos horizontes para o futuro. Nunca, por isso, os três objectivos, que são referidos nos Relatórios do Colégio anteriores a 1950, foram descurados pelos Missionários. No que à Educação Física diz respeito, um amplo complexo desportivo, com pavilhão gimno-desportivo, campos de jogos e ginásio, possibilitam aos jovens uma sadia forma física que lhe dê animo e coragem para enfrentar os estudos académicos com garra e valentia. Tão pouco a educação moral é deixada de lado. Ao nível do ensino básico, é ministrada a todos os alunos a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica e aos do secundário, a disciplina de Ética. Para além disso, há uma preocupação por que em todas as outras disciplinas exista a vertente humanista tão necessária ao crescimento saudável dos nossos jovens. E é bom ter também presente, nesta vertente, o Departamento de Animação Cristã que procura junto dos jovens criar grupos de reflexão e aprofundamento da fé. Em relação à educação intelectual, nada está esquecido. O nosso corpo docente, bem preparado, tem-se mostrado à altura dos novos desafios colocados pela Lei de Bases do Sistema Educativo. E porque são diferentes as realidades do Ensino Básico e Secundário, hoje, no Colégio, funcionam como que duas escolas. Coordenadas pelo mesmo Director Pedagógico e pela mesma Administração, têm contudo, vida própria e respostas próprias. Por isso, cada uma delas está dotada de um Sub-Director que tenta dar resposta aos anseios e desafios que cada uma destas áreas coloca. O sonho não pode morrer. Há a necessidade premente de se continuar a sonhar para que a realidade do Colégio Internato dos Carvalhos continue a ser uma obra digna do seu fundador e dê respostas aos anseios e objectivos dos nossos jovens e da nossa sociedade. Pe. Manuel António Rocha F. Santos

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