Prática religiosa é cada vez mais individual

“Assiste-se a um fenómeno de religião difusa nas sociedade europeias” afirma Steffen Dixi, investigador do Instituto de Ciências Sociais (ICS), sobre religião e sobre religiosidade em Portugal, no contexto de um colóquio organizado pelo ICS. Sob o tema “O significado cultural da religião: aproximações e tendências contemporâneas”, o colóquio pretendia desenvolver uma reflexão científica de estudos sobre religião, independente da teologia, ou seja “estudar cientificamente a expressão cultural que a religião tem ou o fenómeno na vida quotidiana”, deu conta o orador e organizador do colóquio à Agência ECCLESIA. O fenómeno religioso sofreu alterações, especialmente nas últimas décadas do séc. XX e nos primeiros anos do presente século, nomeadamente no declínio das práticas religiosas e dos problemas que as instituições ou Igrejas têm “pelo facto de estarem vazias e isto significa uma secularização a nível institucional” aponta. No entanto, muitos estudos sublinham a importância dos fenómenos religiosos ao nível individual. “Como podemos medir estas mudanças ou estudar a religião ao nível individual” é agora uma questão premente, segundo o investigador. Estudos “qualitativos e quantitativos” realizados nos anos 60 e 70 mostraram que “os países europeus sofreram um declínio de participação nas missas”. Nos anos 90, ao contrário, assistiu-se a uma mudança, com o fenómeno religioso a ser alvo de grande importância para a vida das pessoas, mas menos ao nível institucional e mais ao nível pessoal. “Actualmente já é possível uma pessoa participar numa missa e no dia seguinte participar numa celebração budista, sendo este um fenómeno de religiosidade difusa” dá conta Steffan Dixi, lamentando que em Portugal não existam estudos sobre o desaparecimento da religião. Este fenómeno dá conta de uma viragem na vida das pessoas que “procuram respostas religiosas para organizarem a sua vida individual” e por isso temos de “ter muito cuidado quando se fala de secularização, pois alguns críticos afirmam que a sociedade não está propriamente secularizada havendo antes “uma religiosidade individual a par de uma racionalidade do consumismo e materialismo”, continuando por isso, a religião a ser importante para as pessoas. Steffen Dixi manifesta a “necessidade urgente” de se estudar esta religiosidade, pois “quando se fala de sociedade secularizada significa que há uma prática menor de religiosidade institucional não significando necessariamente que não haja uma nova forma de religiosidade” conclui.

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