Praça Central: Inteligência Artificial é uma «missão da Igreja em saída», afirmou Carlos Liz

Impacto da IA foi analisado na arte e na linguagem, na pastoral e na Teologia, na comunicação, saúde, educação e justiça investigadores e profissionais de cada uma das áreas

Braga, 15 mar 2024 (Ecclesia) – Carlos Liz, consultor em Estudos de Mercado e de Opinião, afirmou no encontro ‘Praça Central’ que é necessário olhar para as potencialidades da Inteligência Artificial (IA) como aliadas e como lugar da “Igreja em saída”.

“Temos quase a obrigação de olhar para tudo o que está a acontecer como um aliado da missão da nova evangelização, da Igreja em saída”, afirmou.

No segundo painel da tarde do encontro que decorre no Auditório Vita, em Braga, Carlos Liz analisou o impacto da IA nas artes e na linguagem e afirmou que, para a Igreja, “é mesmo altura de sair”.

Se é para sair, saiamos e não mandemos no que está lá fora”.

“A arte é uma linguagem nossa amiga e é uma linguagem simbólica consensual e de atração e a tecnologia é uma porta de entrada para as novas gerações. Nós Igreja vamos a bordo desta viagem. Era bom que conseguíssemos”, apontou

Carlos Liz disse que os “humanos e os artificiais” são “companheiros uns dos outros”, apesar da área da inteligência artificial ter gerado uma grande polarização de opiniões.

“É tempo de perguntar, antes de responder”, referiu.

Carlos Liz sugeriu a criação de “algoritmos éticos”, uma “algorética”, para que possa “entrar no processo de decisão”.

O padre Tiago Freitas, da Arquidiocese de Braga, indicou vários exemplos do uso da inteligência artificial nas celebrações, nomeadamente para traduções, na espiritualidade, na construção de textos e na pesquisa temática em arquivos documentais, como acontece no portal ‘magisterium.ai’.

Numa comunicação sobre o impacto da IA na pastoral e na Teologia, o professor auxiliar convidado da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa , lembrou que os crentes, para além da inteligência natural e artificial, têm de “lidar com outra”, a “inteligência sobrenatural”.

Nós ainda temos de lidar com outra inteligência, a sobrenatural. E aí não há servidores que aguentem”.

Para o padre Tiago Freitas, é necessário “aferir a qualidade do que sai destes sistemas generativos, são fiáveis ou não, as alucinações, a questão da verdade”.

O professor da Faculdade de Teologia disse que é necessário descobrir “o específico da Igreja” e de que modo é possível “usar sabiamente estas tecnologias no mundo da pastoral”

Daniel Catalão, jornalista e professor na Universidade da Maia, lembrou que, com o aparecimento das redes sociais, os meios de comunicação social “perderam o controlo que tinham”, a distribuição da informação, sendo cada utilizador relator de acontecimentos e, por isso, gerador de notícias.

O jornalista lembrou que os meios de comunicação social estão a criar cartas de princípios para a utilização da IA, assumindo como princípio básico a “supervisão humana” sobre os sistemas, nomeadamente as ferramentas generativas.

“Queremos ter jornalistas ou gestores de algoritmos?”, questionou Daniel Catalão, alertando para o perigo da desinformação e para o aumento da polarização.

Sofia Reimão, professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e neurorradiologista, analisou impacto da IA na saúde, valorizou os contributos que dá “à tomada de decisão” dos clínicos, defendendo no entanto “uma Medicina mais humana”.

Sobre a educação, António Valente de Andrade, professor da Universidade Católica Portuguesa, lembrou a “resistência à mudança” e lamentou que a tecnologia seja utilizada para fazer o que faziam antes, “sem mudar nada”, valorizando a “importância da investigação científica” com o contributo das tecnologias.

No âmbito da justiça, Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, disse que a IA vem “facilitar o trabalho”, não “substituir o trabalho”.

A Praça Central decorreu no Auditório Vita, em Braga, tendo por tema “Fia-te nos algoritmos e não vivas… Desafios HUmanos na Era da IA: um debate urgente”.

PR

Praça Central: «A Inteligência Artificial está a criar uma nova criação» – padre Afonso Seixas-Nunes

Partilhar:
Scroll to Top