Jesuita especialista em IA e investigadores Hugo Silva, Martim Silva e Paulo Novais apresentaram potencialidades e desafios da ferramenta gerada pela «maior revolução da história»
Braga, 15 mar 2025 (Ecclesia) – O padre Afonso Seixas, especialista em Inteligência Artificial (IA), afirmou hoje em Braga, que é necessário um controlo humano diante da nova ferramenta tecnológica, que está a “criar uma nova criação”.
“Um dos grandes mistérios da criação é o homem ser chamado a ser cocriador. Nós estamos a criar instrumentos como a IA que são cocriadores”, afirmou o sacerdote jesuíta, professor nos Estados Unidos da América e investigador no Instituto de Ética, Direito e Conflitos Armados da Universidade de Oxford.
“A Inteligência artificial está a criar uma nova criação»

Diante da necessidade do “controlo humano” da IA, o padre Afonso Seixas-Nunes tem dúvidas se ainda é possível ir “a tempo”, e denuncia o “medo” da Igreja Católica.
“A Igreja é ultra preventiva porque tem medo de se envolver nos problemas da realidade”, afirmou, lembrando que a IA pode ter na velocidade “um calcanhar de Aquiles”.
Seixas-Nunes defendeu que a IA “vai criar fossos culturais e económicos gravíssimos” e “pensar que daqui a 20 anos uma pessoa não trabalha com um computador de uma forma óbvia é pensar que nunca terá trabalho na vida”.
“Não se podem dar mais bonecas às crianças; tem de se dar computadores porque é o mundo em que vão vive”, referiu.
Numa conferência sobre o tema “No mundo da ia: o que nos resta e o que nos espera?”, Paulo Novais lembrou “nenhuma linha de código pode repetir a capacidade de criar” e que “o é importante não é o guardar, mas o memorizar”.
“O segredo está em criar um estilo. E isso ainda é humano”, sustentou o professor na Escola de Engenharia da Universidade do Minho

Paulo Novais disse que a IA “é um mundo de ‘0’ e ‘1’ que faz magia”, gera “hipóteses que têm de ser comprovadas”, manifestando preocupação com a “ilusão do conhecimento”
O professor na Universidade do Minho defende a compreensão da da IA como ferramenta, à qual é necessário “adaptar-se”, “manter a perspetiva crítica”, “explorar a criatividade”, “preservar a essência humana” e “equilibrar confiança e futuro”.
Paulo Novais defende que em vez de “resistir à mudança”, é preciso “abraçá-la com consciência e responsabilidade”.
Hugo Silva, diretor-geral do Grupo United Creative, apresentou a IA como “a maior revolução da história”, constatando uma miopia genérica em relação ao seu uso e potencialidade, apontando como segredo para a cura é perceber qual o momento em que “se entra no comboio” de uma “tecnologia que avança numa rapidez exponencial”.
“Áreas de negócio podem mudar de um dia para o outro e vão fazer com mais rapidez e exatidão o que agora é feito apenas por intervenção humana”, afirmou, acrescentando que é necessário “adotar estas ferramentas” no quotidiano.

Hugo Silva defendeu a complementaridade entre inteligência humana e inteligência artificial porque “juntas são mais robustas, são mais eficazes”, apontando para a necessidade de “aproveitar o melhor de cada uma”.
“Nós podemos dar o uso que quisermos a esta tecnologia. Por vezes os media não nos ajudam a discernir isso da melhor forma e levam o tema para o mal”, lamentou.
O diretor-geral do Grupo United Creative defendeu que “não é a IA que vai retirar o emprego, mas alguém que perceba mais de IA”.
A comunicação de Hugo Silva contou também com a participação de Martim Silva, especialista e consultor em IA, que experimentaram criar, com as ferramentas da inteligência artificial, criar um “Observatório Católico para a IA e a ética digital”, desde os estatutos, logotipo, hino, página da internet, apresentação pública e tudo o que é necessário para lançar uma organização.
Após as conferência da manhã, a Praça Central analisa os impactos da IA na saúde, educação, justiça, artes, pastoral e comunicação.

PR