Portugueses voltam a emigrar sem garantias

Igreja Católica quer ajudar a informar e a acolher quem se vê obrigado a sair do país

Fátima, Santarém, 13 jan 2013 (Ecclesia) – Os agentes sociopastorais das migrações afirmaram nas conclusões do seu XIII encontro, hoje concluído em Fátima, que muitos portugueses enfrentam a “emigração não programada” e que é necessário saber qual o pensamento da Igreja Católica sobre o tema.

“A ausência prolongada de emprego ou a incapacidade de cumprir obrigações financeiras entretanto assumidas leva muitos cidadãos e emigrar. E já há quem volte e emigrar «a salto» ou sem informações seguras acerca do que encontra no país de destino”, lê-se no documento.

‘Entre o direito a emigrar e a não emigrar’ foi o tema do Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações, que decorreu em Fátima desde sexta-feira.

Nas conclusões, os participantes afirmam que mais vale viver com poucos recursos na própria terra do que “cair em situações de desgraça em terra alheia”, sendo por isso necessário desenvolver “novos esforços de divulgação de passos a dar antes de sair do país de origem”, em parcerias entre instituições públicas e civis, “tanto nos países de partida como de chagada”.

O documento constata que “a emigração qualificada é uma marca dos fluxos migratórios em crescimento na atualidade”, constituindo uma “oportunidade sobretudo para as novas gerações” e desafiando os países de origem a fixar as qualificações dos seus cidadãos pela promoção de projetos industriais ou de investigação científica.

Os participantes afirmam que a crescente mobilidade humana “revela com realismo as circunstâncias pessoais e sociais de cada país” e “exige uma reflexão” sobre as migrações, também por parte da Igreja Católica.

As conclusões do XIII Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações deixam a proposta à Conferência Episcopal Portuguesa de elaborar “um documento de referência sobre o pensamento da Igreja sobre a mobilidade humana”.

No contexto atual, diante do crescimento da emigração, é necessário conhecer “as circunstâncias, as motivações e as causas que levam muitos concidadãos a optarem ou a se verem obrigados a abandonar a da própria terra”, refere o documento divulgado hoje, no fim dos trabalhos.

Os participantes manifestaram também a prioridade que deve ser dada à pastoral das migrações, traduzido no compromisso de “apoio efetivo a quem parte” e às famílias que possam permanecer em Portugal.

A vontade de “criar disponibilidades nas estruturas eclesiais” para o “apoio à emigração” é manifestada neste documento, que afirma a necessidade de “sensibilizar os responsáveis da Igreja Católica em Portugal” para o envio de “sacerdotes ou líderes de comunidades para trabalharem com generosidade nas missões católicas das Comunidades Portuguesas”.

O XIII Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações foi promovido pela Obra Católica Portuguesa de Migrações em parceria com a Cáritas Portuguesa e a Agência ECCLESIA, no contexto do 99.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que a Igreja Católica assinala este domingo.

Na mensagem que escreveu para este dia, Bento XVI afirma que “antes do direito a emigrar há que reafirmar o direito a não emigrar, isto é, a ter condições para permanecer na própria terra”.

PR
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