III Assembleia Ecuménica Europeia Uma experiência ecuménica que vai abrir horizontes à delegação portuguesa, composta por cerca de 30 pessoas, que dia 4 viajam até Sibiu, na Roménia para participar na III Assembleia Ecuménica Europeia que decorre até 9 de Setembro. Conhecer outras tradições eclesiais, oportunidade para reflectir e celebrar em conjunto e também porque “há uma diversidade de temas prementes no trabalho ecuménico e que são linhas de continuidade dos desafios europeus lançados na carta ecuménica”. São aspectos possíveis de serem trabalhados em comum – ecologia, espiritualidade, testemunho, justiça e paz, e “um lato campo onde se pode trabalhar, assim como pode ser muito desafiante perceber as experiências de outros grupos ecuménicos”, sublinha João Luís Fontes. Portugal é um país, oficialmente, de maioria católica. Segundo o delegado da Conferência Episcopal Portuguesa para a Assembleia Ecuménica “nunca se prestou muita atenção a outras igrejas que acabam por ser numericamente menos significativas, mas que não puderam ter, durante muito tempo, visibilidade pública”, sublinha, lembrando o exemplo da Igreja Protestante, que desenvolve um trabalho ecuménico e está presente em Portugal desde o séc. XIX. O trabalho conjunto ajuda à mútua compreensão e “alarga perspectivas sobre o que é possível fazer”. João Fontes explica que “o caminho ecuménico foi sendo feito” e sobretudo o trabalho juvenil foi desencadeado a partir dos desafios lançados na II Assembleia Ecuménica que decorreu em Graz, na Áustria, em 1997. O próprio grupo ecuménico jovem foi criado depois da participação portuguesa, em 1997. Desafios nascidos das assembleias são, segundo o delegado da CEP “muito válidos”. O trabalho realizado pelo grupo ecuménico jovem vai ser apresentado através de exposições – “um espaço que foi cedido na Ágora e onde se vão encontrar as diversas organizações e movimentos apresentando várias iniciativas e também numa conferência, onde queremos dar a conhecer o percurso realizado em Portugal”. O caminho para o ecumenismo tem necessariamente de ser iniciado com a “conversão pessoal, pois se não houver pessoas despertas para esta urgência de reconciliação e unidade, não se caminha”. De qualquer forma o enriquecimento exterior valoriza e abre perspectiva do que se pode desenvolver nacionalmente. “A participação em Graz é fruto de uma dinâmica interna que se sentiu estimulada pelo exemplo de outros, mas que continuou depois em Portugal”. O grupo ecuménico jovem desenvolve o seu trabalho através da realização de encontros nacionais – Fórum Ecuménico Jovem, mas também pelo contacto com diferentes religiões do país para “ir sensibilizando os jovens das várias dioceses para a importância do ecumenismo”, explica João Fontes. Existem ainda experiências ecuménicas “mais locais” que “inicialmente foram centradas na Semana da Oração pela unidade dos cristãos”, mas que vai depois desencadeando outras acções. Viagens a Taizé são também frequentes. Sobretudo no Verão “tentamos propor alguma actividade que possibilite a perspectiva de trabalho ecuménico a nível social”, explica, relembrando o trabalho desenvolvido com os Irmãos São João de Deus na Casa de Saúde do Telhal, onde os jovens trabalharam com doentes. Os jovens mostram-se “mais sensíveis sem o peso de alguma memória histórica”. Isto permite “estar aberto e presdisposto a descobrir mais facilmente”. Sérgio Alves, da Igreja Lusitana, encara a participação na III Assembleia Ecuménica como um “desafio que dará linhas de visão para a missão”, aponta à Agência ECCLESIA. O próprio tema do encontro «Luz de Cristo ilumina todos», “significa que é para todos, mesmo os que nós não queremos ou não gostamos”, sublinha. Para a Igreja Lusitana “o ecumenismo não é apenas uma área de intervenção, mas é uma vocação da sua missão e enquanto isso devemos comprometer-nos com a partilha da fraternidade e a reconciliação com as igrejas”, aponta o jovem que relembra a presença da Igreja Lusitana nas diferentes etapas e encontros de preparação. Sérgio Alves dá conta de uma dualidade no relacionamento entre as Igrejas em Portugal. “Ao nível das bases sente-se um diálogo bastante positivo e estamos a atravessar uma boa fase”, explica acrescentando que o Fórum Jovem tem ajudado a dar “fortes passos entre os jovens que procuram saber mais”. Ao nível da hierarquia “tem-se sentido dificuldades, é mais lenta, com mais avanços e recuos mas a força das bases pode reforçar o trabalho nas hierarquias”, admite. A delegação portuguesa é bastante “plural” em termos de Igrejas e de trabalho juvenil, “tem também um grande campo de trabalho e partilha”, por isso Sérgio Alves acredita que juntos em Sibiu vão “todos tomar consciência da necessidade de construir uma Europa baseada na luz de Cristo”. Temas como a imigração, a paz, a ecologia, o diálogo teológico e sacramental, o reconhecimento de diferentes ministérios serão seguramente abordados, numa Assembleia que é um processo e por isso abre perspectiva para o Fórum ecuménico jovem no próximo ano. “O que vamos receber e dar, queremos ver depois transmitido de forma real e concreta aos grupos em território nacional”, sublinha.