Pe. Jorge Madureira, eleito em encontro que decorreu em Roma, fala da aposta na formação A formação, perante a emergência educativa, é a aposta que o Serviço Europeu de Vocações assume para os próximos anos. Dotar a educação de perspectivas latas, onde a dimensão vocacional se inclua, será um benefício que as novas gerações apreciarão, possibilitando uma «autêntica liberdade» contra critérios actuais de visibilidade.
Este foi o desafio lançado às 22 Igrejas europeias, reunidas em Roma, durante o Congresso Europeu das Vocações, uma iniciativa do Serviço Europeu de Vocações, da responsabilidade do Conselho das Conferências Episcopais da Europa – CCEE, que o Pe. Jorge Madureira, eleito coordenador deste serviço para os próximos três anos, deverá assumir.
O desafio educacional e convergente, entre a esfera cultura e entre a própria pastoral da Igreja, tem sido um alerta de Bento XVI e dos próprios Bispos da CCEE.
À Agência ECCLESIA, o Pe. Jorge Madureira, também Secretário da Comissão Episcopal das Vocações, recorda a mensagem do Papa aos participantes do Congresso. "Existem muitas vozes humanas, mas estas não abrem perspectiva de futuro nem de autêntica liberdade". Tendo como destinatário os jovens, "só a Palavra de Deus abre no continente de "algum isolamento" presente em "muitos dos dinamizadores da pastoral vocacional". A mensagem do Papa convida, precisamente, "à coragem e à união".
O compromisso assumido pretende estabelecer pontes entre a pastoral vocacional e a pastoral da Igreja, que, em muitas locais, "não está suficientemente desenvolvida". O próprio Conselho Europeu de Vocações tem, por objectivo "fazer essas pontes, para que esta dimensão seja assumida como prioridade em todas as dioceses".
Em Portugal, esta tem sido uma preocupação, com vista a um autêntico processo educativo.
Sobre o encontro europeu, o Pe. Jorge Madureira afirma ser sempre um momento "fecundo de reflexão", mas destaca a "abertura e originalidade dos conferencistas, muitos deles leigos" que abrem caminhos pastorais "que indicam convergência entre as vocações e as transformações actuais europeias", e colocando a dimensão vocacional "na agenda educativa". A metodologia "é da encarnação", destaca.
Cada vez mais se exige uma compreensão adulta "do chamado, e a certeza de que a principal acção passa pelo testemunho".
Vocação europeia
O Pe. Jorge Madureira foi eleito coordenador do Conselho Europeu de Vocações para os próximos três anos. Como vice coordenadores foram eleitos o Pe. Marek Dziewiecki, Director do Centro de Vocações da Polónia, e Paule Zellitch, professora, membro permanente do Serviço Nacional de Vocações de França e editora da revista da «Igreja e Vocação».
Este é um "serviço assumido em equipa", que chamará a si, novos elementos, "para que as várias sensibilidades do continente estejam representadas e se possa fazer um trabalho de comunhão", aponta o novo coordenador.
Ainda sem definição de temas para o próximo congresso, que vai decorrer na Hungria, entre 1 e 4 de Julho de 2010, o Pe. Jorge Madureira assegura que a educação será a área basilar.
Vocação e anúncio
O Congresso Europeu de Vocações teve como tema «Semeadores do Evangelho da vocação: uma palavra que chama e envia».
A figura do animador e dos diversos terrenos foram a imagem de fundo de toda a reflexão.
"A semente é a Palavra de Deus que deve ser semeada de forma abundante", indica o Pe. Jorge Madureira. Apesar das dificuldades dos terrenos, "deve ter-se coragem para em cada país, se desenvolver esta missão de forma corajosa, com entusiasmo e esperança, pois há terrenos bons que aguardam e são receptivos".
Rosanna Virgili, uma biblista, reafirmou no Congresso que qualquer vocação de um homem ou de uma mulher é apenas consequência da vocação primordial que inclui o próprio Deus. "Ele é o primeiro a ouvir a voz da humanidade", pode ler-se no comunicado final do encontro divulgado pela CCEE.
"A Igreja actual é chamada a colocar de lado os medos e ultrapassar modelos e estruturas que a impedem a sua presença ao lado da humanidade e de levar a palavra de Deus à sociedade".
Paul M. Zulehner, teólogo e conferencista convidado, traçou o perfil da situação da Igreja na Europa Ocidental, indicando factos como o envelhecimento da população e a perda de capacidade para ser uma alternativa para a juventude europeia e a dificuldade de o homem de hoje, identificar um caminho a seguir. Este teólogo chamou a atenção para a necessidade de "se prever novas formas de viver o ministério da Igreja e a evangelização no mundo".
O Frei Amedeo Cencini, psicólogo e treinador, sublinhou como a pastoral vocacional pode ser identificada com a primeira proclamação de fé. "Não pode haver nenhuma proposta de fé se não for uma proposta pessoal", considerou aos participantes.
Estiveram presentes 22 Igrejas da Europa, entre elas Malta, Alemanha, Eslovénia, Hungria, Croácia, Grã-Bretanha, Bélgica, Itália, Polónia, Eslováquia, Letónia, Suíça, Suécia, Portugal, Espanha, Bósnia-Herzgóvina, França, Irlanda, Áustria, República Checa, Albânia, Roménia.