Investigadores alertam para necessidade de valorizar papel da instituição familiar na sociedade
Lisboa, 24 out 2014 (Ecclesia) – O diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP) alertou hoje para as “ameaças várias” que a família enfrentar, desde as sociais e económicas a “uma certa cultura relativista e niilista” que “parece desvalorizar” o seu papel.
“A família, a importância que um pai e uma mãe têm, continuam a ser fundamentais. Lamentamos que os poderes políticos e que outros agentes sociais não deem hoje à família a centralidade e as soluções de que ela necessita para ser também solução a outras macroquestões sociais, políticas e económicas”, disse à Agência ECCLESIA José Miguel Sardica.
O responsável falava no arranque da conferência ‘Olhares sobre a Família’, organizada pelo Instituto de Ciências da Família, em colaboração com os centros de investigação da Faculdade de Ciências Humanas da UCP.
José Miguel Sardica sublinhou a importância de abordar a “célula inicial de toda a sociabilidade”, desde um ponto de vista académico, na “perspetiva de ligar a universidade a soluções viáveis na comunidade”.
“A preocupação das ciências humanas deve ser refletir e apresentar soluções para as grandes questões que a sociedade e a política hoje colocam”, precisou o diretor, para quem “refletir sobre a família, hoje em dia, é fazer um serviço à sociedade e à Igreja”.
Helena Rebelo Pinto, coordenadora do Instituto de Ciências da Família da UCP, explicou por sua vez que a conferência procura dar uma “visão multidisciplinar daquilo que são as questões familiares” e “aproximar a investigação” da instituição académica ao grande público.
Nos 20 anos da comemoração do Ano Internacional da Família e no final da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, esta responsável sublinha a “diversidade” de conferencistas de várias áreas que foram convidados para a iniciativa, que decorre até sábado.
Os trabalhos vão abordar o plano da “intimidade da própria família” e o papel das famílias na sociedade portuguesa, como “pilar de segurança e de promoção de desenvolvimento dos seus membros”
Uma das intervenientes no painel ‘Intimidade e Emoções na Vivência Familiar’, Maria Teresa Ribeiro, professora associada da Universidade de Lisboa, considera que há “um risco” de todos estarem em casa, mas “cada um no seu pequeno mundo”, lembrando que a família é “um lugar insubstituível” que “vale a pena proteger e continuar a promover”.
“Aquilo que eu noto é que há uma diversidade muito grande na maneira como as pessoas se relacionam, como querem continuar a construir laços”, refere a psicóloga e terapeuta familiar.
Henrique Joaquim, professor auxiliar da UCP e presidente da Comunidade Vida e Paz, quer deixar um olhar de “esperança”, para lá dos números e das estatísticas, sublinhando que a afetividade acompanha um casal “até à morte”.
“Saber que há pessoas que conseguem uma relação amorosa durante 60 anos só nos pode encher de esperança”, revelou.
O conferencista sublinha a importância de aprender o “perdão diário” em vez do discurso da “culpa”.
Outro dos painéis vai analisar ‘A Família na investigação e no ensino na Universidade Católica Portuguesa’.
Teresa Líbano Monteiro, do Centro de Estudos de Serviço Social e Sociologia, parte do seu estudo sobre os ‘imigrantes sem-abrigo em Portugal’ para afirmar que a questão familiar “é a grande chave” para esta situação e que o “mais difícil” é “refazer dos laços familiares”.
HM/OC