Portugal une-se à oração pela unidade dos cristãos

Reflexões de 2011 foram preparadas pelas Igrejas de Jerusalém e apelam a um regresso aos «aspectos essenciais da fé»

Lisboa, 18 Jan (Ecclesia) – Milhões de cristãos iniciam hoje, dia 18, a semana de oração “pela unidade”, iniciativa anual que também em Portugal é tida como a mais importante do movimento ecuménico.

D. Manuel Felício, presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e Ecumenismo (CEDFE), refere ao programa da Igreja Católica na Antena 1, que este oitavário é “um momento forte e importante, sobretudo para nós aprofundarmos as razões do diálogo ecuménico e as levarmos também ao comum das nossas estruturas eclesiais”.

Para este responsável, “as comunidades cristãs não podem voltar costas a esta responsabilidade”.

“Houve algumas iniciativas de encontro, aqui entre nós, que não foram bem sucedidas, mas não vamos desistir porque sentimos que é um imperativo da identidade cristã irmos ao encontro dos nossos irmãos” realça.

Um dos objectivos deste esforço ecuménico passa, neste momento, pela aprovação de um texto que possibilite “a convergência em pontos essenciais”, como por exemplo no reconhecimento do Baptismo.

O reconhecimento recíproco e oficial do Baptismo, por parte de todas as Igrejas de expressão cristã, é uma condição estabelecida pela Santa Sé no seu “Directório para a aplicação dos princípios e das normas sobre o ecumenismo”.

Em Portugal, este processo já inclui as Igrejas Católica, Presbiteriana, Metodista, Lusitana e Anglicana, baseando-se na colaboração entre a CEDFE e o Conselho Português de Igrejas cristãs.

No que diz respeito à inclusão da Igreja Ortodoxa, o maior obstáculo tem sido encontrar junto daquela comunidade uma instância que garanta unanimidade de opinião, já que “além dos grandes Patriarcados ecuménicos, há também as chamadas Igrejas autónomas” recorda o presidente da CEDFE.

O tema escolhido para o Oitavário deste ano – “Unidos no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fracção do pão e nas orações” – foi extraído do livro bíblico dos Actos dos Apóstolos, apelando ao regresso dos cristãos às origens da primeira Igreja de Jerusalém, espaço físico que “evoca o regresso aos aspectos essenciais da fé e à união entre os cristãos”.

As principais divisões entre as Igrejas cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia (Igreja Copta, entre outras); no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente (Igreja Ortodoxa); no século XVI, com a Reforma Protestante e, posteriormente, a separação da Igreja de Inglaterra (Igreja Anglicana).

As orações da semana de oração de 2011 foram preparadas por cristãos em Jerusalém e estão disponíveis na página oficial da Santa Sé.

“Conscientes das suas próprias divisões e da sua própria necessidade de fazer mais pela unidade do corpo de Cristo, as Igrejas em Jerusalém fazem um apelo a todos os cristãos para a redescoberta conjunta dos valores que mantinham unida a comunidade primitiva”, pode ler-se.

No hemisfério norte, o período tradicional para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é de 18 a 25 de Janeiro, datas propostas em 1908.

Em Portugal, uma celebração nacional tem lugar em Coimbra, no próximo dia 21, havendo vigílias e encontros marcados para várias dioceses, como Lisboa, Porto, Algarve ou Aveiro.

No Vaticano, Bento XVI preside à celebração das vésperas, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, com representantes das Igrejas e comunidades eclesiais presentes na cidade.

PRE/JPC/OC

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Agência ECCLESIA

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