Associação portuguesa salienta que médicos ucranianos «acreditam, trabalham e rezam diariamente pelo fim da guerra»
Lisboa, 16 jan 2023 (Ecclesia) – As Associações de Médicos Católicos de Portugal e da Ucrânia – AMCP e AMCU – realizaram um encontro online de partilha e colaboração motivado pela “esperança de que o fim da guerra seja uma realidade em breve”.
“Os relatos foram difíceis de contar e de ouvir. Surpreenderam pela resiliência, esperança e fé. Os médicos ucranianos acreditam, trabalham e rezam diariamente pelo fim da guerra”, assinala uma nota enviada à Agência ECCLESIA, pela Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP).
Os médicos ucranianos partilharam uma “realidade dura, um tempo difícil”, em que perderam “os melhores, e muitas crianças”, um dia-a-dia completamente alterado pela “invasão em larga escala da Rússia à Ucrânia”, a 24 de fevereiro de 2022.
“Fazemos o melhor que podemos, como médicos e como cristãos”, afirmou Olesya Vynnyk, médica de família, que com a guerra começou a dar formação aos soldados em medicina tática, que é necessária para que os combatentes “feridos possam sobreviver, para que saibam tratar desde uma hemorragia a outras situações”.
A jovem médica denunciou práticas que vão contra as convenções internacionais, como o “ataque pelas tropas da Federação Russa a ambulâncias e viaturas médicas”, o receio da propagação da cólera, pela falta de água potável, e o sofrimento e perigo para a saúde pública pelos cerca de dez dias que as famílias têm de esperar para levantar os corpos das morgues, divulga a AMCP.
Segundo Olesya Vynnyk, “não há um lugar seguro na Ucrânia”, deu conta que mais de 100 médicos já terão morrido ou ficado feridos durante a guerra, alguns seus amigos e com quem trabalhava.
O médico Yaroslav Diakunchak, de Medicina Familiar, relatou jornadas de trabalho marcadas “pela chegada de muitos feridos, muitas pessoas capturadas [pelo exército russo], outras sem casa, e muitos refugiados que chegam das áreas mais fortemente atacadas pelas tropas russas”, e, a certa altura deste encontro online que se realizou no sábado, a sua casa fica sem eletricidade.
Enquanto o neurocirurgião Sergii Borzenkov, que vive diariamente um ambiente de stress, explicou que muitos soldados feridos sobrevivem às intervenções cirúrgicas, mas precisam de reabilitação mental e física, uma área onde dispõem atualmente de poucos meios na Ucrânia.
Os médicos ucranianos assinalaram que se sentem apoiados pelos sacerdotes, em alguns casos conseguem participar diariamente na Eucaristia, indicaram que “muitos ucranianos batizam os seus filhos neste tempo de adversidade”, e “até quem não tem fé começou a rezar”, e pedem orações.
O comunicado da AMCP informa ainda que o encontro entre as associações de médicos católicos de Portugal e da Ucrânia começou com a oração do ‘Pai Nosso’ em ucraniano e terminou com uma ‘Ave-maria’ em português.
CB/OC