Professor universitário salienta que encíclica do Papa sobre o cuidado da casa comum tem testemunho importante sobre «sustentabilidade global»
Lisboa, 01 mar 2024 (Ecclesia) – O coordenador científico e relator da ‘Estratégia para o caminho futuro de uma Pastoral Laudato Si’ destacou que a encíclica do Papa é “um documento valiosíssimo” sobre a “sustentabilidade do planeta”, e destacou a importância do turismo ser “cada vez mais sustentável”.
“Se temos pessoas que vêm para os locais e que pretendem usufruir daquilo que é o ambiente natural, o património construído e das pessoas, esse turismo tem que ser um turismo sustentável. O património religioso tem um papel obviamente fundamental porque foi erigido, ao longo de séculos, num interface com os ambientes naturais, e em que as pessoas obviamente se enquadravam não apenas numa maneira física mas também numa maneira espiritual”, disse Carlos Costa, à Agência ECCLESIA, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).
Neste contexto, o professor universitário e investigador afirma que o turismo sustentável, religioso “pode ser um grande contributo para aquilo que é o futuro do turismo” em Portugal.
Para o coordenador científico e relator da ‘Estratégia para o caminho futuro de uma Pastoral Laudato Si’, a encíclica ‘Laudato Si (Louvado sejas) – sobre o cuidado da casa comum, do Papa Francisco, publicada em 2015, que não conhecia mas leu “com todo cuidado”, “é um documento valiosíssimo” sobre aquilo que deve ser a “sustentabilidade global, do planeta”, e salienta que apontam para que o turismo seja “cada vez mais sustentável”.
“A questão do ambiente está em cima da mesa, está nos canais de televisão, às vezes, até por razões um bocado mais bizarras mas, de facto, as novas gerações já atingiram uma qualidade de vida sobre o ponto de vista material muito forte. Cada vez a nossa sociedade é mais bem formada sobre o ponto de vista económico, sobre o ponto de vista educacional e está a virar-se para procuras que têm a ver com novos enquadramentos, emocionais e psicológicos”, desenvolveu Carlos Costa.
O especialista destaca a necessidade da sociedade trabalhar em conjunto, numa plataforma que não é apenas este contributo, porque as questões da sustentabilidade e dos equilíbrios “são uma prioridade das Nações Unidas”, o secretário-geral da ONU, António Guterres, “é o homem que mais tem clamado por aquilo que tem a ver com os desequilíbrios ambientais”.
O diretor da Pastoral do Turismo da Igreja Católica em Portugal salientou que a função que têm é “proporcionar e incentivar, cada vez mais, este trabalho em sinergias e trabalho em conjunto”, e explicou que para uma consciência de um turismo religioso que seja ao mesmo tempo um turismo sustentável, têm de “alertar para a forte relação que é necessário com as câmaras municipais”, incentivar os párocos e as dioceses a “perceber que este é o caminho para a sustentabilidade dos monumentos, muitas vezes das paróquias”.
“Não nos podemos esquecer que a Igreja, a seguir ao Estado, é a entidade em Portugal que tem mais património, e que pode ser a chave para a manutenção e a conservação desse património, que é a nossa responsabilidade, juntamente com as entidades públicas, com o Turismo de Portugal, com a Secretaria de Estado do Turismo, com as autarquias”, desenvolveu o padre Miguel Neto.
Segundo o sacerdote “o futuro é muito trabalhoso”, têm o objetivo de, “cada vez mais, criar uma proximidade junto do Turismo de Portugal, dos órgãos governamentais”, e adiantou que iniciaram “uma parceria com o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja que vai ajudar a promover o património”.
O presidente da Comissão da Pastoral Social e Mobilidade Humana, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), salientou a importância do turismo no seu todo, que “mobiliza muita gente e está ao bem também de empresas, de instituições”, e não apenas do turismo religioso, das peregrinações aos santuários. “Temos pessoas que se enriquecem obviamente muito e, nos últimos tempos, pessoas que não tinham possibilidade da sua família para fazer turismo conseguem fazer com grupos maiores através de comunidades cristãs, conseguem crescer com conhecimento de espaços que antes não tinham essa possibilidade e isto é para nós momentos de evangelização são momentos de crescimento humano e as pessoas sentem-se felizes e bem”, desenvolveu D. José Traquina. O responsável pela área da Pastoral Social e Mobilidade Humana na CEP, onde se insere o setor do turismo, destacou também uma “preocupação” com as pessoas que trabalham nos hotéis, nos restaurantes, empresas ligadas ao turismo porque “essas pessoas não podem ter um segundo consideração que não seja também a sua elevação”, por isso, interessam-se também em “colaborar na formação dessas pessoas”. “Sobretudo aquelas que trabalham próximo de nós, nos nossos museus, nas nossas dioceses, todas as pessoas serem promovidas obviamente que não fica bem no sítio onde se promove o bem dos que visitam sejam servidos por pessoas que são pobres e desprezadas, portanto interessa-nos de um ponto de vista social cuidar de todos”, acrescentou D. José Traquina, bispo de Santarém. |
A Igreja Católica em Portugal está presente na Bolsa de Turismo de Lisboa, que abre as portas ao público esta sexta-feira, 1 de março, a partir das 17h00, através da Pastoral do Turismo e do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, organismos da Conferência Episcopal Portuguesa, num novo espaço na BTL, dedicado ao ‘Turismo Religioso’, promovido pelo Município de Ourém, até domingo, dia 3 de março.
O padre Miguel Neto recorda que esta é “uma presença de continuidade”, já participaram em duas edições anteriores da BTL, enquanto Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT).
“O específico é que está integrado num grande pavilhão de turismo religioso Não é um pavilhão periférico, não é um ato isolado, mas é um grande projeto; da nossa parte o grande foco é a apresentação da primeira obra científica relacionada com o turismo promovida pela Conferência Episcopal Portuguesa”, acrescentou o diretor da Pastoral do Turismo – Portugal.
CB/OC