Bispo de Setúbal destaca que cidadãos e responsáveis políticos têm de procurar soluções «que não seja nem à custa de ninguém, nem contra ninguém»
Lisboa, 08 jan 2025 (Ecclesia) – D. Américo Aguiar afirmou a importância de “encontrar uma solução uns com os outros” para os problemas da sociedade, como nas áreas da saúde e da segurança, para que as respostas não sejam “nem à custa de ninguém, nem contra ninguém”.
“O nosso país tem problemas, a nossa sociedade tem problemas, a Espanha, a França, a Itália, o mundo, todos temos problemas. E nós temos duas hipóteses de resolver os problemas: uns contra os outros e ganha o mais forte, ou todos uns com os outros. E eu prefiro sempre encontrar uma solução uns com os outros”, disse o bispo de Setúbal, esta terça-feira, em declarações aos jornalistas, nos Paços do Concelho de Lisboa.
Após a apresentação do livro-entrevista ‘Memórias de uma Belíssima Jornada’, dedicado à edição internacional da Jornada Mundial da Juventude realizada em Portugal, D. Américo Aguiar, que foi o coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023 recordou que durante a preparação desse encontro conheceu o país todo e quando se fala do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de segurança, “de qualquer outro problema, que existem, a única maneira de resolver é uns com os outros, nunca uns contra outros”.
D. Américo Aguiar salientou que se a resolução de problemas é “uns contra outros, há sempre alguém que fica a perder”, e realçou que os cidadãos e os responsáveis políticos têm de procurar “a solução e a resposta que não seja nem à custa de ninguém, nem contra ninguém”.
“Quando nós optamos por tomar uma decisão que vai favorecer A, mas vai prejudicar B, estamos apenas a mudar o problema de sítio e estamos, enfim, a espalhar as dificuldades que nós temos no dia a dia da nossa vida”, acrescentou.
No contexto da segurança, o cardeal português salienta que essa questão “não é do partido A, nem é do partido B”, porque “é um valor maior para uma sociedade”, e se existe um problema pontual que “ninguém, por ser da raça A, por ser do culto B ou por ser da proveniência X, se sinta ameaçado por desconfiança”, ou tenha um procedimento diferenciado por parte de uma autoridade, porque “isso não está correto”.
“Mas também não está correto que eu, que não percebo nada de técnica policial, nem de investigações, nem de operações, também me ponho a achar sobre os procedimentos que as autoridades decidem e tomam; nós queremos tratar do dossiê segurança uns contra os outros, no fim, só ficamos piores”, desenvolveu.
O bispo de Setúbal entregou, ao presidente da Assembleia da República, um pedido de amnistia para reclusos, evocando o apelo feito pelo Papa Francisco para o Ano Santo 2025, o Jubileu da Esperança, esta segunda-feira, dia 6 de janeiro; alguns partidos políticos, com assento parlamentar, reagiram a esta proposta informando que estão contra, como o Chega e a Iniciativa Liberal (IL).
“Independentemente da questão religiosa, independentemente dos partidos, porque, eu também disse lá, a questão não é de direita nem é de esquerda, mas é que todos tivessem a possibilidade, no Parlamento, é isso que peço a cada senhora e cada senhor deputado, pensar, refletir, se é oportuno, no contexto dos 50 anos do regime democrático, neste contexto jubilar da Igreja Católica, independentemente da questão da laicidade do Estado, se é conveniente ou não”, desenvolveu.
D. Américo Aguiar salientou que tem “plena consciência” que, para o cidadão comum, este é “um dossiê muito sensível”, e destacou que quando se fala de amnistia para os reclusos “é qualquer coisa que tem que vir de dentro, do melhor de cada um”.
“Estamos a falar é de um gesto de humanidade extraordinário. Porque estamos a falar de perdão, de misericórdia, de compaixão, é de desculpar, e isso implica, na parte de todos nós, uma grandeza de coração, que é mais fácil quando nós conhecemos as pessoas”, acrescentou o coordenador-geral da JMJ Lisboa 2023, que lembrou a amnistia aplicada na Jornada Mundial da Juventude teve um limite etário, aplicada a reclusos até aos 30 anos.
CB/OC
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