Portugal: Trabalhadores cristãos pedem intervenção do Governo contra políticas laborais que retiram tempo e espaço às famílias

Em causa estão situações como «a desregulação dos horários de a ocupação sistemática do domingo como dia normal de trabalho»

Braga, 18 mai 2018 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos da Arquidiocese de Braga insurgiu-se hoje contra uma organização de trabalho que afeta cada vez mais a vida das pessoas e das famílias.

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, aquele organismo apela à intervenção dos “responsáveis económicos e políticos” contra um contexto laboral que está hoje essencialmente centrado na vertente económica e do lucro, e que cerceia a “construção de relações de solidariedade e comunhão”.

Em causa estão questões como a desregulação dos horários de trabalho, cada vez mais “desencontrados”, e “a ocupação sistemática do domingo como dia normal de trabalho”.

Fatores que “impedem as famílias de terem o seu espaço, de descansarem e celebrarem em conjunto, os momentos belos da vida, como a partilha e a festa”.

“Exige-se que a política não se deixe acorrentar pela economia que mata”, aponta a LOC – MTC de Braga, que pede também ao Governo que atue ao nível da regulação da atividade das “novas formas do trabalho digital e tecnológico”.

“Com o avanço rápido das novas tecnologias, os trabalhadores têm vindo a ser substituídos, em vários serviços, por máquinas automáticas. É urgente repensar a forma como o trabalho está organizado, para que ninguém fique excluído”, pode ler-se.

Esta “nova organização do trabalho” esteve em destaque numa semana de reflexão promovida pela LOC – MTC da Arquidiocese de Braga, que contou com a participação do professor João Duque, da Universidade Católica Portuguesa em Braga.

Durante a iniciativa, foi ressaltado que “a nova organização do trabalho não pode estar apenas na mão dos gestores e empresários”, mas “deve envolver todos os intervenientes, para que além da produção também exista tempo de convívio, partilha e entreajuda”.

Nas conclusões do evento, é afirmado que “o futuro do trabalho não vai depender tanto dos avanços tecnológicos, mas sobretudo do lugar que for dado às pessoas”, e aqui entram desafios como o combate ao desemprego e ao crescimento das desigualdades económicas.

“O trabalho é a melhor forma de repartir a riqueza”, sustenta a LOC – MTC de Braga, que defende a importância de “continuar a apostar na formação, na redução dos tempos laborais e na justa remuneração salarial”.

Os responsáveis pelo Movimento dos Trabalhadores Cristãos na arquidiocese minhota frisam ainda a necessidade de promover a “eliminação dos ‘bancos de horas’ e o combate persistente à precariedade, para que a dignidade dos trabalhadores não seja posta em causa”.

JCP

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