José Ribeiro e Castro uniu-se a ação simbólica pela libertação da cristã Asia Bibi, condenada à morte no Paquistão
Lisboa, 11 nov 2014 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e a editora Alêtheia promoveram um encontro de solidariedade e denúncia pela cristã paquistanesa condenada à pena de morte por blasfémia e simbolicamente beberam um copo de água, em Lisboa.
“Asia Bibi apenas cometeu duas faltas, ter bebido água de um poço como camponesa e a outra foi ser cristã”, disse o político José Ribeiro e Castro, esta quarta-feira, à Agência ECCLESIA.
Para o deputado do CDS/PP, que acompanha esta privação de liberdade de vida e religiosa desde 2011, o caso é “particularmente simbólico”, primeiro porque “está a acontecer” e depois porque “não há pena maior que pode ser aplicada a quem sofre que o silêncio”.
“O silêncio na nossa sociedade é particularmente violento relativamente aqueles que são perseguidos. É de facto absurdo que isto possa acontecer em pleno século XXI, no nosso tempo, diante dos nossos olhos, há demasiado tempo”, desenvolveu.
O caso de Asia Bibi remonta a 2009 quando foi condenada à morte por enforcamento acusada de blasfémia contra o profeta Maomé na sequência de um desentendimento com duas irmãs muçulmanas, “apenas por ter bebido um copo de água de um poço”, recorda a AIS.
“O objetivo é que enquanto não for libertada não podemos deixar esquecer este caso. É cada vez mais grave porque são cada vez mais curtas as esperanças por via judicial, não podemos confiar no sistema judicial do Paquistão só uma grande campanha internacional poderá surtir algum efeito”, assinalou Paulo Aido, da AIS.
O jornalista da fundação pontifícia recordou outros casos de falta de liberdade religiosa, como no Médio Oriente, onde existem “milhares de cristãos totalmente dependentes da ajuda internacional”.
“Precisamos de ampliar a nossa voz”, acrescentou Paulo Aido que pediu aos portugueses que exijam aos políticos que “ergam a voz de Portugal” e “peçam a libertação” de Asia Bibi.
O encontro, no Dia Internacional dos Direitos Humanos, realizou-se na livraria Alêtheia cujos responsáveis quiseram associa-se a este gesto e “manifestar o seu apoio” a uma mãe de quatro filhos.
“Merece um gesto de solidariedade do mundo inteiro e não pode passar sem uma palavra nossa de atenção com alguém que está a ser ameaçado de morte e a qualquer momento essa ameaça pode ser concretizada”, disse Zita Seabra, responsável pela editora Alêtheia.
Na livraria os presentes uniram-se à campanha – facebook.com/SalvemAsiaBibi – que convida as pessoas a tirarem uma fotografia “a beber um copo de água” e a partilharem-na na rede social.
“É um gesto que traz muito de simbólico e de denúncia do perigo de vida que esta mulher está a correr”, acrescentou a ex-deputada.
No encontro foi também relançado o livro “Blasfémia: condenada à morte por um copo de água”, da chancela da ‘Aletheia – Editores’.
“Agora que me conheceis, contai à vossa volta o que me aconteceu. (…) Creio que é a única maneira de eu não morrer no fundo desta prisão”, pede Asia Bibi na última página do livro.
O deputado do CDS/PP recorda ainda que um grupo de deputados, em novembro, promoveu um abaixo-assinado, com a adesão de 76 parlamentares, e enviaram uma carta ao presidente e ao primeiro ministro do Paquistão a pedir que fosse reavaliado o caso de Asia Bibi e revista a lei da blasfémia.
“A embaixadora do Paquistão transmitiu-nos algumas situações sobre o quadro da lei penal e a esperança que a pena possa não ser aplicada. Sentimo-nos encorajados que a pena não seja aplicada e a continuar a manifestar discordância”, acrescentou José Ribeiro e Castro.
CB