«Era uma porta aberta e sabiam que podiam aparecer durante o tempo que quisessem» – Teresa Mascarenhas
Lisboa, 30 set 2021 (Ecclesia) – O Serviço Jesuíta a Refugiados (JRS) Portugal dinamizou encontros semanais de “partilha” com as mães refugiadas e migrantes das suas casas em Lisboa e no Seixal, que foram “muito produtivos” e geradores de diversos laços.
“Muitas famílias que tínhamos nas casas eram mães solteiras, mães viúvas, e achamos necessário fazer encontros num sítio calmo e seguro, onde estivessem à vontade”, disse hoje Teresa Mascarenhas, da equipa de acolhimento e integração, à Agência ECCLESIA.
O Serviço Jesuíta a Refugiados, organização internacional da Igreja Católica ligada à Companhia de Jesus, tem cinco casas em Lisboa e duas no Seixal e mobilizou as mães refugiadas e migrantes dessas residências para “encontros informais, de proximidade”, e amizade.
“Era uma porta aberta que existia um dia por semana e sabiam que podiam aparecer durante o tempo que quisessem”, refere a entrevistada.
Teresa Mascarenhas salienta que os encontros ‘Flora’ foram “muito produtivos” e geradores de laços, realizaram-se todas as semanas ao longo de três, entre maio e julho, em Lisboa, e foram suspensos nas férias escolares.
“Pretendíamos que as crianças não fossem e as mães tivessem a possibilidade de se subtrair do stress do dia a dia”, acrescentou, sublinhando que também faziam “coisas didáticas e criativas com as mãos”, como explorar o barro ou os recortes, por exemplo.
A língua portuguesa e a partilha de projetos e experiências também foi estimulada pelas Guias de Portugal que participaram nos encontros ‘Flora’, para não ser só um encontro de mulheres árabes e de técnicos e existisse uma “confluência com a sociedade civil”.
Teresa Mascarenhas, da equipa que acompanha as famílias refugiadas nas casas do JRS-Portugal, realça que “foi muito positivo” o trabalho realizado porque na pandemia Covid-19 o pedido geral era que “ficassem em casa” e tinham de as “integrar da melhor maneira”.
A entrevistada destaca ainda que o convite para os encontros ‘Flora’ estava escrito em árabe, com diversas informações, o que “facilitou a autonomia das mães”, e sobre o nome lembra que queriam alguma coisa em português e que “fosse só uma palavra”, e como trabalharam “muito com flores secas” optaram por este que as participantes aprenderam rapidamente.
Segundo Teresa Mascarenhas, da equipa de acolhimento e integração do Serviço Jesuíta a Refugiados, a inclusão destas mulheres na sociedade portuguesa é feita “com muita paciência e resiliência das próprias”, porque é “muito desafiante porque há muitos contratempos”, desafios, “muitas burocracias e papeladas”, e a pandemia também foi “uma dificuldade”.
O JRS – Jesuit Refugee Service foi fundado a 14 de novembro de 1980, com a missão de “acompanhar, servir e defender”, pelo padre jesuíta Pedro Arrupe, e foi criado em Portugal, em 1992, pela Companhia de Jesus.
CB/OC