Portugal: «Ser missionário da misericórdia remete para uma dimensão que não é só nossa»

Padre Rui Valério é um dos 1071 sacerdotes que o Papa vai enviar pelo mundo para sarar as «feridas da humanidade»

Lisboa, 29 jan 2016 (Ecclesia) – O padre Rui Valério, da Paróquia da Póvoa de Santo Adrião, em Lisboa, é um dos 1071 sacerdotes que o Papa vai enviar como “missionários da misericórdia”, durante o Ano Santo que a Igreja Católica está a viver.

“Ser nomeado, escolhido para missionário da misericórdia é qualquer coisa que nos remete para uma grandeza e uma dimensão que não é só nossa”, realça o membro da congregação dos Padres Monfortinos, em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA.

No dia 10 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, celebração litúrgica que marca o início da Quaresma, padres de todos os continentes vão receber do Papa Francisco o “mandato” de serem no mundo sinais do perdão e da misericórdia de Deus.

“Eles serão missionários da misericórdia porque estarão no meio das pessoas como facilitadores do verdadeiro encontro humano, fontes de libertação, ricos em responsabilidade para ultrapassarem obstáculos e levarem de novo às pessoas a vida nova do Batismo”, explicou esta sexta-feira no Vaticano o presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização.

Para o padre Rui Valério, ser missionário da misericórdia é um motivo de “alegria plena”, uma “graça”, mas ao mesmo tempo uma responsabilidade.

“A misericórdia é algo que eu só partilharei, darei, oferecerei, se eu próprio a receber de Deus, salientou.

O sacerdote lembrou ainda que o objetivo do Papa Francisco, ao enviar estes 1071 missionários da misericórdia é ajudar a “sarar as muitas feridas que dilaceram o coração e a vida de tantos homens e mulheres”.

Abraçar a missão de missionário, no contexto do Ano da Misericórdia, é “abraçar todo um programa de vida”, acrescenta o religioso monfortino, que destaca a importância de poder ser “sinal” para os outros, de poder “indicar” um caminho para “o coração misericordioso de Deus”.

E a possibilidade de “apresentar a Deus o que são os pedidos, as súplicas, as preces e necessidades do povo e da humanidade”, complementa.    

Os sacerdotes missionários da misericórdia, segundo o Papa Francisco, vão ter “o poder de perdoar mesmo os pecados que estão reservados à Santa Sé, para que se torne evidente a amplitude o seu mandato”.

Terão por exemplo, a faculdade de perdoar pecados como a profanação da Eucaristia, a violação do sigilo sacramental (por parte de um sacerdote) ou a violência física contra o Papa, por exemplo.

Vão poder ainda absolver o pecado do aborto, algo que atualmente está reservado aos bispos, que a podem delegar a penitenciários de algumas basílicas e santuários.

SN/JCP

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Agência ECCLESIA

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