D. Manuel Clemente sublinha que só há Estado Social com apoio da sociedade
Fátima, Santarém, 14 nov 2013 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa disse hoje em Fátima que a atual crise económica e financeira exige uma nova “ordem mundial” que recupere a centralidade de cada pessoa e responda a questões “transversais”, como o desemprego.
“Isto requer uma outra ordem mundial, não tenho dúvidas nenhumas acerca disso”, declarou D. Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em conferência de imprensa no final da assembleia plenária deste organismo.
Para este responsável, o país enfrenta uma situação de dificuldade “estrutural” que ultrapassa as suas fronteiras, deixando um apelo aos responsáveis políticos e à sociedade: “Espero que tudo aquilo que nós ganhamos como sociedade em termos de Estado Social se mantenha o mais possível, mas precisamos de ver que o Estado Social existe porque tinha – vamos ver até quando consegue ter – uma sociedade que o suportava”.
“Aquilo que eu peço aos meus concidadãos com responsabilidades políticas mais concretas e diretas é que defendam o mais possível aquilo que conseguimos ganhar, em termos de conseguir a dignidade de cada um”, acrescentou.
Nesse contexto, o patriarca de Lisboa destacou que o Estado deve responder aos “problemas da sociedade”, mas vincou que tal exige “riqueza”.
“Garantir o Estado Social é garantir o desenvolvimento; garantir o desenvolvimento é garantir o financiamento é canalizar os poucos recurso que temos para aquilo que é prioritário”, precisou.
Um esforço que D. Manuel Clemente quer ver alargado à sociedade em geral, numa transformação de mentalidades, porque são questões que “nenhum Estado resolverá por isso”.
“Não pode ser uma concentração, como havia e ainda há nalguns casos, dos recursos em poucos e das carências em tantos”, disse.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) alertou hoje em Fátima para a “tendência” de promover o emprego através do “cerceamento dos direitos dos trabalhadores”, no atual momento de crise, manifestando a sua solidariedade aos desempregados.
D. Manuel Clemente diz que a Igreja Católica traça um “retrato preocupante” da situação tanto dos que estão em busca de trabalho como dos que interrompem a “prestação laboral” a meio da vida.
OC