Portugal: Responsáveis religiosos destacam simbolismo da viagem do Papa ao Iraque

D. José Ornelas fala em « chamada de atenção à humanidade» contra a violência

Foto: Vatican Media

Porto, 09 mar 2021 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse hoje à Agência ECCLESIA que a viagem do Papa ao Iraque, concluída esta segunda-feira, foi um “ato importantíssimo” na promoção do diálogo e da fraternidade humana.

“Todas as vezes que falamos e que podemos encontrar-nos face a face alguém que pensa de forma diferente, mas com quem podemos falar, isso abre-nos horizontes para o mundo que temos e para a necessidade de as nossas diferenças criarem pontes de ligação e de paz”, destacou D. José Ornelas, que participou na cerimónia inter-religiosa, com o presidente da República Portuguesa, no salão nobre da Câmara Municipal do Porto.

O bispo de Setúbal considerou que esta viagem, a primeira de um Papa ao Iraque, foi “uma chamada de atenção à humanidade inteira” contra a violência, evocando o sofrimento daquelas populações e as pessoas que foram “trucidadas, torturadas pela guerra”.

“É importante encontrar caminhos de cura, de reconciliação, e de futuro”, apontou.

Já o bispo do Porto considerou que o Iraque é “um dos palcos do mundo”, mas é fundamental “calar as armas” para que se construa uma nova humanidade.

“O Papa Francisco apelou a partir da destruição notória para a humanidade começar caminhos de novidade”, mas que essa novidade aconteça “é preciso calar as armas e não produzir armas”, disse D. Manuel Linda à Agência ECCLESIA.

“As guerrilhas, os exércitos paralelos e aqueles que vivem do e para o terrorismo” devem ser retiradas do panorama mundial, apela.

O responsável católico à destruição de “estruturas da sociedade” e não só dos edifícios, considerando que o Papa foi “sensível em juntar os líderes das grandes religiões”, procurando que o Iraque possa ser “o exemplo da sociedade futura”.

Para D. Manuel Linda, apesar dos “riscos que correu”, a visita Papa Francisco ao país do Médio Oriente foi a viagem “mais significativa” que já realizou depois desde a passagem pela ilha italiana de Lampedusa (8 de julho de 2013, a primeira do pontificado).

Também no Porto, Jorge Pina Cabral elogiou a “viagem de um homem de fé, de um homem confiança e de um homem de uma grande coragem”.

O bispo da Igreja Lusitana (ramo da comunhão anglicana em Portugal) considerou que a viagem do Papa ao Iraque “corporizou também um sentimento coletivo e universal”, para “renovar uma página tão negra como foi o sofrimento das diversas comunidades religiosas no Iraque, que continuam ainda com as suas dificuldades”.

Abdul Rehman Mangá, presidente do Centro Cultural Islâmico do Porto, que acolheu Marcelo Rebelo de Sousa neste local, declarou no seu discurso que o Papa Francisco tem sido “incansável na procura da paz e aproximação, em especial entre muçulmanos e cristãos”.

“Visitou diversos países muçulmanos, firmou com eles diversos compromissos importantes para a paz e coexistência pacifica”, observou, citando ainda a recente viagem do Iraque.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Abdul Rehman Mangá, realçou o esforço realizado pelo Papa para “unir as pessoas” e reconciliar os crentes.

“O Papa Francisco inaugurou uma era, que está a tentar melhor e solidificar”, apontou.

PR/CB/LFS/OC

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