Portugal: Realidade das migrações «não deve ser vista como um problema» e reclama uma «resposta solidária»

Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana reconheceu o trabalho de pessoas e organismos envolvidos na «defesa das pessoas migrantes»

Foto Agência ECCLESIA/PR

Fátima, 12 ago 2025 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana afirmou, na conferência de imprensa de apresentação da Peregrinação do Migrante e do Refugiado ao Santuário de Fátima, que é necessária uma “resposta solidária” para a realidade das migrações.

D. José Traquina lembrou que a História de Portugal está marcada por uma constante emigração, por “muitos milhares de portugueses que emigraram para o Brasil, África e para diversos países da Europa”, no século XX.

“Chegados ao século XXI, o fenómeno das migrações acontece com muitos milhares de jovens portugueses a emigrarem para o estrangeiro e muitos milhares de estrangeiros a virem residir e trabalhar em Portugal. Perante esta realidade, que não deve ser vista como um problema, mas um sinal dos tempos, é necessária uma resposta solidária”, afirmou o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.

Referindo-se aos migrantes, a diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações sublinhou, na conferência de imprensa, que “não são uma novidade” e apontou para a necessidade de ligação entre os “países de origem, de trânsito e destino” como condição para promover a justiça em relação à população em mobilidade e o desenvolvimento de todos os países, nomeadamente os de origem dos migrantes.

“A justiça é olhar, escutar e interligar países de origem, trânsito e destino. Justiça nos dias de hoje é promover o desenvolvimento”, afirmou.

A diretora da OCPM lembrou que “os migrantes de hoje movem-se pelas mesmas causas dos migrantes de ontem” e “denunciam injustiças, denunciam guerras, denunciam a opressão”.

“Os migrantes entre nós e os migrantes que estão lá fora, a nossa diáspora, ajudam-nos a crescer em humanidade, na capacidade de diálogo e a construir pontes”, afirmou.

Para Eugénia Quaresma, “é urgente envolver a sociedade civil neste diálogo e na capacidade de construir juntos”

“Precisamos dos migrantes, precisamos de promover e anunciar esta verdade, precisamos de divulgar iniciativas da sociedade civil que caminham neste sentido”, sublinhou.

A Peregrinação do Migrante e do Refugiado ao Santuário de Fátima insere-se na 53ª Semana das Migrações, que ocorre de 10 a 17 de agosto, e tem por tema “Migrantes Missionários da Esperança”.

“Nesta semana, olhamos com especial atenção para os migrantes portugueses a residir e a trabalhar no estrangeiro, e para os estrangeiros que residem e trabalham em Portugal”, disse D. José Traquina.

Em declarações aos jornalistas, o bispo de Santarém agradeceu, em nome da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, “o testemunho e envolvimento de todos os organismos e instituições eclesiais e civis na defesa das pessoas migrantes.

D. José Traquina referiu Fórum das Organizações Católicas para a Imigração e Asilo, FORCIM, o Grupo Popular de Cidadãos Consenso e Imigração e “o esforço de diversas autarquias e paróquias no apoio ao acolhimento e integração de migrantes estrangeiros”.

A Peregrinação do Migrante e do Refugiado ao Santuário de Fátima é presidida por D. Joan-Enric Vives, arcebispo emérito de Urgel (Espanha), de que faz parte o Principado de Andorra, onde perto de 10 mil habitantes são cidadãos portugueses.

PR

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