Portugal: Primeiro-ministro diz que «capital espiritual» é essencial para o desenvolvimento

Cerimónia na Mesquita de Lisboa juntou líderes religiosos e entidades civis na promoção de «conhecimento mútuo e paz»

Lisboa, 09 nov 2013 (Ecclesia) – O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou esta sexta-feira que Portugal tem de ir além da “sociedade de tolerância”, sublinhando que o “capital espiritual” é um “elemento importante para o desenvolvimento humano integral da pessoa”.

“As tradições históricas e culturais, a atitude aberta e descomplexada dos portugueses, dão-nos as condições para irmos além da simples tolerância”, afirmou, apelando a uma sociedade “de diálogo aberto e permanente” entre as diferentes religiões e mundividências.

Pedro Passos Coelho falava na sessão comemorativa dos 45 anos da Comunidade Islâmica, em Lisboa, que contou a presença do patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente e Jorge Sampaio, que até Fevereiro, foi Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações.

O primeiro-ministro pediu uma “Casa Comum” onde “todas as fés” coexistam e que possa “ser um exemplo para o resto do mundo”, apontando ainda a importância que o “capital espiritual” tem no “desenvolvimento humano integral da pessoa como um todo que não pode esgotar-se nos aspetos materiais”.

O chefe do Gorno rejeitou o “cepticismo” que vota as culturas e religiões a um “choque de civilizações”, sublinhando que todos se reúnem num ponto comum que é o “respeito absoluto pela dignidade da pessoa” e na “promoção de uma sociedade justa e com valores éticos”.

Integração e o “carinho” foram palavras sublinhadas pelo presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil, durante a cerimónia na Mesquita de Lisboa, para manifestar a convivência dos muçulmanos em Portugal.

À Agência ECCLESIA o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, sublinhou a importância destes encontros como promotores do conhecimento e de paz.

“Onde é possível fazer (estes encontros, ndr) que se faça, porque nos vamos conhecendo. Uma coisa é lidarmos com ideias e ideologias, outra é conhecermos as pessoas, e é no conhecimento mútuo que se regressa à base pessoal para que se resolvam os outros problemas – o da paz, do desenvolvimento – que têm a ver com pessoas, não com ideias feitas”.

Para Jorge Sampaio, Portugal é exemplo “à escala mundial” d entre religiões e práticas religiosas.

O antigo Presidente da República lembra a lei de liberdade religiosa, de 2001, “ponto de honra no aparelho jurídico português e muitas vezes desconhecido noutros países” como exemplo do “forte cimento” que a todos liga.

“Isto é tão mais importante pelo momento que vivemos à escala mundial, onde esta compreensão, pluralismo e tolerância são hoje características essenciais para uma sociedade mais humanizada. Sem isso não vamos longe”, referiu à Agência ECCLESIA.

O Sheikh David Munir, imã da mesquita de Lisboa, sublinha a “visível integração” dos muçulmanos na sociedade portuguesa.

“Os muçulmanos em Portugal são portugueses integrados, servem a sociedade, têm as suas profissões, tentam ser exemplares no que fazem, respondendo a esse desafio de exemplaridade que se pede”.

A comunidade muçulmana, que também sente “muitas dificuldades sociais”, procura “apoiar as famílias mais necessitadas” seja através de “cabazes para as famílias”, seja no pagamento de “medicamentos” ou “rendas de casa”.

No seu discurso, Pedro Passos Coelho agradeceu a ajuda que as organizações religiosas prestam aos portugueses num tempo “de crise” que, afirma, “começamos a ultrapassar”.

“Eles estiveram e continuarão a estar em muitos momentos e em muitos lugares onde o Estado não poderia chegar para ajudar os mais desamparados e os mais vulneráveis”.

LS

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