Portugal: Presidente da União das Misericórdias defende trabalho em «parceria»

Crise reforçou necessidade de «aproveitar a responsabilidade pública dos diferentes atores para fazer mais com menos», realça Manuel Lemos

Funchal, Madeira, 24 fev 2014 (Ecclesia) – O presidente da União das Misericórdias Portuguesas considera que, perante os “escassos recursos” financeiros disponíveis, as instituições sociais têm a responsabilidade acrescida de trabalharem mais em conjunto, evitando “duplicações” de tarefas e aproveitando sinergias locais.

Durante o 1.º Congresso das Instituições Portuguesas de Solidariedade Social e das Misericórdias da Madeira, que decorreu entre sexta-feira e sábado no Funchal, Manuel Lemos sublinhou que “o grande desafio é aproveitar a boa vontade, o voluntarismo e a responsabilidade pública dos diferentes atores para fazer mais com menos”.

 Aquele responsável alertou também para a importância de quem decide estar “do lado da solução” e não “do lado do problema”, lamentando os “entraves” que muitas vezes são colocados “à parceria e à articulação” de projetos, não só entre IPSS e Misericórdias mas também com os organismos do Estado.

Manuel Lemos apontou que esta questão tem potenciado situações incompreensíveis, de sobreposição e esbanjamento, dando como exemplo o facto de “uma família” no Porto “estar a ser visitada há vários anos, e em dias diferentes, por cinco assistentes sociais, de cinco instituições diferentes, da câmara, da junta, da misericórdia, das IPSS”.

Atualmente está em fase de regulamentação a Lei de Bases da Economia Social, que vai reforçar o enquadramento jurídico dado ao Terceiro Setor e a todas as instituições que o compõem.

Este ano vai ainda entrar em vigor um novo quadro comunitário de apoio a Portugal, que tem um eixo direcionado para a promoção da inclusão social e o combate à pobreza.

Para o presidente da União das Misericórdias, estes dois fatores têm de ser aproveitados pelas instituições para, “com cabeça, tronco e membros”, e em parceria com as instâncias públicas, contribuírem para o “desenvolvimento local” e para a criação de “emprego sustentado”.

“Fala-se hoje muito na reforma do Estado Social, mas a reforma é isto mesmo, não é diminuir o valor das pensões, nem aumentar o IVA, o IRS ou desistir de partes substanciais do território nacional, é a articulação dos diferentes serviços”, reforçou.

O 1.º Congresso das Instituições Portuguesas de Solidariedade Social e das Misericórdias da Madeira teve como tema “Novos Compromissos, Novas Respostas. Repensar o Terceiro Setor!”.

A qualificação permanente dos corpos gerentes das instituições e dos seus colaboradores, o entrecruzamento de saberes entre as diversas valências e a resposta “célere, próxima e efetiva” aos problemas das pessoas, com especial atenção aos pobres, aos idosos e às crianças, foram alguns dos desafios apontados durante o evento.

O padre Francisco Caldeira, presidente da União das IPSS da Madeira, salientou que “quem tem fome ou sede, quem necessita de habitação ou apoio na saúde ou na educação, quem está só não pode ser constantemente encaminhado e reencaminhado” ou posto em “lista de espera”.

“As instituições do Terceiro Setor necessitam contante e permanentemente de ser refundadas e recreadas à urgência de um novo folego”, apontou o sacerdote, convidando os responsáveis das instituições presentes a rejeitarem “uma solidariedade mecânica, burocrática, fria, sazonal”.

JCP

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