Sessão solene do 51º aniversário da Revolução dos Cravos ficou marcada por discursos a lembrar o pontífice, num dia em que se cumpre nacional pela sua morte

Lisboa, 25 abr 2025 (Ecclesia) – O Parlamento aprovou hoje o voto de pesar e cumpriu um minuto de silêncio pela morte do Papa Francisco, na sessão solene do 51º aniversário do 25 de Abril, marcada por discursos com referência ao pontífice.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pautou o discurso por abordar os paralelismos entre a Revolução dos Cravos e a vida e obra de Francisco.
Recordado que o 25 de Abril nasceu num “ambiente mundial muito tenso”, o chefe de Estado assinalou que também nos apelos do Papa, durante 12 anos, se encontram “alguns dos mesmos dramas ou outros iguais e maiores”.
“Como não deparar, nas palavras de Francisco, com a defesa desses valores estropiados há 50 anos?”, perguntou.
Na última participação enquanto presidente da República nas comemorações do 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa questionou: “O que é que tem a ver os factos, os problemas e o modo de Francisco com eles lidar, ou seja, o espírito e o espírito vivido? O que é que tem a ver com o 25 de Abril, o de 74, o de cada ano dos 51 já envolvidos, o de hoje, o de cada ano ainda por viver?”.
“Tudo, tudo: Dignidade humana, paz, justiça, liberdade, igualdade, solidariedade, fraternidade, abertura, inclusão, serviço dos outros, preferência pelos ignorados, omitidos e silenciados”, respondeu.
O chefe de Estado lembrou que este sábado se realiza o funeral do Papa Francisco e destacou o pormenor relacionado com a inscrição do nome no túmulo.
“Amanhã vai a enterrar, sem nome, se não o seu, Francisco. Nem Papa, nem cardeal, nem bispo, nem bispo de Roma, só Francisco”, referiu.
“25 de Abril sempre? Sim, sobretudo, se com a incessante busca dos valores, o pleno e descomplexado abraço a todas as pessoas e a atenção a todas as coisas e a radical humildade que viveu e nos ensinou a viver Francisco”, concluiu.
Na leitura do voto de pesar, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco recordou o Papa como “um bom amigo de Portugal”.
“Criou quatro cardeais portugueses, um número histórico, e visitou por duas vezes o nosso país, em 2017, para o centenário das Aparições de Fátima e a canonização dos pastorinhos Francisca e Jacinta Marto, e em 2023, para a Jornada Mundial da Juventude”, destacou.
Aguiar-Branco afirmou que os “12 anos de pontificado representaram para a Igreja e para o mundo um decisivo apelo à fraternidade, à misericórdia e à paz” e fez referência às encíclicas sociais e ecológicas escritas pelo pontífice.
“Visitou todos os continentes habitados, dando preferência às periferias e alargando o alcance da voz da Igreja. Repetia com frequência que não vivemos uma época de mudanças, mas uma mudança de época e alertava para a consumação de uma guerra mundial em pedaços”, recordou
Além disso, Francisco “defendeu com coragem a dignidade toda à vida humana, tendo sido responsável por uma revisão do catequismo da Igreja Católica, que condenou a pena de morte em todas as circunstâncias. Sustentava também que a política, quando vivida como serviço, é a mais alta forma de caridade”, realçou o presidente da Assembleia da República.
“Aos católicos, que choram a partida do seu pastor universal, endereça votos de sentidas condolências. A todas as pessoas que, independentemente da sua fé, nele encontraram uma referência espiritual e moral, dirige uma palavra de solidariedade”, expressou.
Segundo Aguiar-Branco, “o legado do Papa Francisco, como pastor e líder religioso, mas também como estadista e responsável político, continuará revestido de significado e atualidade, particularmente no contexto que o mundo atravessa”.
A sessão solene do 51.º aniversário da Revolução dos Cravos, que decorreu hoje na Assembleia da República, aconteceu num momento em que o País cumpre luto nacional pela morte do Papa e em que o parlamento se encontra dissolvido, estando marcado eleições legislativas para 18 de maio.
LJ