Marcelo Rebelo de Sousa recebeu «Vela da Paz» da Cáritas Portuguesa em Belém
Lisboa, 23 dez 2020 (Ecclesia) – O presidente da República afirmou hoje que o desafio social “é um desafio de Natal” e “de todos” para que “aqueles que estão para trás se aproximem daqueles que estão em posição privilegiada” na sociedade.
“Não vale de nada avançarmos no digital, avançarmos na transição no domínio da energia, avançarmos nas qualificações mais sofisticadas, se o lastro dos que ficam numa posição cada vez mais afastada for aumentando. A sociedade como um todo não avança, a sociedade recua. Há setores que avançam mas são minorias”, disse Marcelo Rebelo de Sousa na receção da ‘Vela da Paz’, símbolo da operação natalícia ‘10 Milhões de Estrelas’ da Cáritas Portuguesa.
Na cerimónia, que decorreu no Palácio de Belém, o presidente da República assinalou que a vela recorda a todos que o esforço “tem de ser de todos, mas tem de ser concentrado de forma muito especial nos que menos têm, dos que mais dependem, dos que mais sofrem”.
“É preciso que aqueles que estão para trás se aproximem daqueles que estão em posição privilegiada. Esse desafio social é um desafio de Natal, é um desafio de todos”; afirmou Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso.
Para o presidente da República “não basta dizer que não pode ninguém ficar para trás” mas “é preciso diminuir as desigualdades que se agravaram entretanto” e, se existem setores que vão “mais depressa”, há outros na sociedade que “não”.
“Muitas vezes, nós os privilegiados, os que tivemos ou temos condições mais favorecida, pensamos naquilo que nos aproxima dos mais avançados da Europa e do mundo, que é fundamental, e esquecemos que ali ao lado há um sem-abrigo, ou alguém que, por razões de idade ou de saúde, precisa de um cuidador informal, com condições precárias ainda para desempenhar a sua missão e que são muitos casos em todo o pais”, acrescentou.
O presidente da República salientou que este ano “a preocupação é maior” porque a pandemia na saúde e na economia e na vida das pessoas traduziu-se “em portugueses mais pobres, em muitos casos, em mais desigualdades, em mais desempregados, em mais portugueses com cortes salariais apesar do esforço das medidas de natureza social que têm sido tomadas para reduzir, limitar os efeitos da crise”.
“É olhar para o número dos sem-abrigo que aumentou infelizmente, bastante por todo o pais. É olhar para aqueles que têm situações de maior provação, na doença, por virtude da idade, pelo abandono, pela solidão e este é um grande desafio nacional”, alertou.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se à vela da operação natalícia ‘10 Milhões de Estrelas’ da Cáritas Portuguesa, como “a vela da paz, a vela do amor e da solidariedade e da preocupação, com os que mais sofrem na sociedade portuguesa”.
“Vamos ter esperança e vamos construir a esperança no sentido que 2021 seja muito melhor do que 2020, 2022 seja muito melhor do que 2021, e assim sucessivamente na vida de todos nós”, referiu.
O presidente da República agradeceu à Cáritas Portuguesa “nunca se ter demitido da sua função social”: “A sua função primeira é social e a sua função social primeira é olhar para os mais pobres, dependentes e explorados”.
A nova presidente da Cáritas Portuguesa destacou que esta é uma “cerimónia com especial significado”, com a Cáritas “há alguns anos” a levar” a luz da paz” de Belém, o que “é muito significativo”.
“Trazer a luz da paz hoje é dizer que vale a pena. Esta luz é a luz da esperança. O Natal é um tempo de esperança e desejamos a todos, a começar pelo senhor presidente, que ela signifique esperança e luz no ano que se aproxima, neste Natal, e que as famílias possam beneficiar desse sentimento de esperança que traz e contem com a Cáritas em Portugal para ajudar naquilo que a Cáritas puder ser útil”, acrescentou Rita Valadas.
A Cáritas e o Corpo Nacional do Escutas partilham, nas semanas que antecedem o Natal, a “Luz de Belém”, a partir da chama recolhida por uma criança no luzeiro que se encontra na gruta da Natividade, na cidade palestina de Belém.
Na noite de Natal, a Cáritas convida a população a acender uma vela, nas janelas de suas casas, como gesto pela paz, na celebração do Natal.
A campanha de solidariedade apoia este ano as vítimas da pandemia em Portugal.
A Operação ‘10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz’ tem as suas raízes históricas em França, onde nasceu para sensibilizar para os valores da paz como vivência cristã do Natal; em 2002 chegou a Portugal e desde então tem sido a proposta solidária da Cáritas para assinalar o nascimento de Jesus.
Em declarações à Agência ECCLESIA, a presidente da organização católica destacou que os portugueses têm “aderido bastante” à operação de Natal ‘10 Milhões de Estrelas – Um gesto pela Paz’ num “ano muito difícil” com a pandemia Covid-19 mas as pessoas “estão realmente muito preocupadas” e entre outras opções que podiam escolher para serem “próximos e serem solidários, oferecer uma estrela com luz é um significado que todos conhecem”. Os novos corpos sociais da Cáritas Portuguesa tomaram posse no Dia Internacional dos Direitos Humanos, a 10 dezembro, com mandato para o próximo triénio, e Rita Valadas adiantou que a direção vai “avaliar os programas que estão em curso e se carecem de ser continuados, adaptados”. “Vamos durante 60 dias avaliar aquilo que está no terreno, a realidade que se vai alterando, as realidades novas que agora começam a vir por via das situações de desemprego, e depois perceber como é que a Cáritas pode ser útil e de que forma podemos fazer a diferença na vida das pessoas para que mantenham a esperança e se mantenham com condições de lutar pela sua própria vida, pela vida dos que estão mais próximos”, desenvolveu. |
OC/HM/CB/PR
[Notícia atualizada com declarações às 18h30]