Pedro Vaz Patto destaca empenho desta comunidade no diálogo inter-religioso e na ação social
Lisboa, 28 mar 2023 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica, lamentou hoje o ataque no Centro Ismaelita em Lisboa, sede mundial deste ramo do xiismo, que provocou duas mortes.
“Não há nenhum motivo para associar este ato à própria comunidade, que se distingue pela sua abertura ao diálogo inter-religioso, pela recusa de qualquer extremismo. O que aconteceu terá sido um ato isolado, de uma pessoa que se representa apenas a si própria e que poderia acontecer com qualquer outra comunidade”, disse Pedro Vaz Patto à Agência ECCLESIA.
O atacante, atualmente detido, será um cidadão de nacionalidade afegã, que terá usado uma faca de grandes dimensões para atingir as vítimas.
O presidente da CNJP manifesta a sua “solidariedade” à comunidade ismaili e às famílias em luto, desejando que este acontecimento “não ensombre a boa integração desta comunidade na sociedade portuguesa”.
“São pessoas abertas ao diálogo, com uma ação social meritória”, acrescenta.
Pedro Vaz Patto destaca a convivência estabelecida com a comunidade muçulmana ismaili, enquanto presidente da CNJP e membro da Comissão da Liberdade Religiosa, onde a mesma comunidade também está representada.
A comunidade muçulmana ismaili desconhece, até agora, as motivações do homem que entrou nas suas instalações.
As vítimas mortais são duas mulheres, funcionárias portuguesas do Centro Ismaelita.
Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa, apresentou ao representante do Imamat Ismaili em Lisboa, Nazim Ahmad, “sinceros pêsames pelo ato criminoso” ocorrido esta manhã, estendendo-os também ao príncipe Karim Aga Khan – atual líder espiritual dos ismaelitas – e às famílias das vítimas.
O primeiro-ministro, António Costa, também reagiu ao ataque, manifestando a sua “solidariedade” e “pesar” à comunidade ismaili e às famílias das vítimas.
A Renascença adianta que o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, vai falar sobre o ataque no centro ismaili, esta tarde.
Em 2010, a resolução da Assembleia da República n.º 109/2010 aprovou o Acordo entre a República Portuguesa e o Imamat Ismaili, assinado em Lisboa em 8 de maio de 2009, considerando quê esta é “uma comunidade religiosa de âmbito mundial, cujos membros estão historicamente ligados não só por um laço espiritual de lealdade, devoção e obediência para com imã hereditário dos muçulmanos Shia Ismailis”.
Pedro Vaz Patto assinala que o acordo de cooperação, numa modalidade prevista pela Lei da Liberdade Religiosa, é um “facto significativo”, que mostra a “boa integração” da comunidade ismaili na sociedade portuguesa e o “bom relacionamento” com o Estado.
OC