Padre Lino Maia pede novas estratégias e reforço do apoio às Instituições Sociais, descartando nova candidatura à presidência da confederação
Lisboa, 20 mar 2022 (Ecclesia) – O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) disse à Agência ECCLESIA e Rádio Renascença que teme, “sem dúvida”, uma explosão de pobreza em Portugal.
“Haver cerca de 20% de pessoas abaixo do limiar da pobreza – e temo que isso aumente, agora – é grave, realçou o padre Lino Maia, convidado da entrevista semanal conjunta, publicada e emitida aos domingos.
O sacerdote sustentou que é preciso “tomar medidas”, perante o impacto da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia, ambas com “repercussões muito claras na vida das pessoas e no aumento da pobreza”.
“É preciso uma estratégia séria, consistente de combate à pobreza com um aumento significativo dos rendimentos e uma aposta na Educação, na habitação”, acrescentou.
O presidente da CNIS assumiu como “grande preocupação” o reforço da sustentabilidade do setor, apontando aos 50% de comparticipação pública, por parte do Estado, e outros “passos muito significativos”, que considera necessários.
“Há coisas que têm de ser revistas, como o regime fiscal das Instituições de Solidariedade ou o destino das receitas dos jogos sociais, que devem ser canalizadas para este setor, em grande parte”, exemplifica.
Podemos cair na tentação de começar a olhar para aquelas pessoas que podem pagar, para serem admitidas. E essa não é a missão das Instituições, por isso o Estado tem de cumprir as suas funções”.
O padre Lino Maia diz que um maior apoio do Estado e da sociedade permitiria aumentar os salários no setor social, para não “obrigar os trabalhadores a praticar a caridade”.
“Sou da opinião que haja a consignação de um imposto para este setor. Temos cada vez mais necessidades e é preciso que a sociedade se volte para isto”, sustentou.
O presidente da CNIS entende que a sociedade, em geral, “tem de pensar nos mais carenciados, nos que precisam de mais apoio”.
Quanto ao futuro Governo, o entrevistado reafirma a proposta de criação de um Ministério dos Assuntos Sociais, considerando que “há sensibilidade, da parte do primeiro-ministro, para que alguns passos sejam dados nesse sentido”.
Aos 74 anos, após cinco mandatos consecutivos na liderança da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, o padre Lino Maia afasta a possibilidade de continuar no cargo, após o final da atual presidência.
“Eu gosto muito deste setor, que faz muito e muito bem, mas são precisas caras novas. Não está no meu horizonte eternizar-me”, justifica.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)