Padre Lino Maia considera criação de «Lei de Bases da Cooperação» como prioridade para as instituições sociais
Lisboa, 10 mar 2015 (Ecclesia) – O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) disse à Agência ECCLESIA que as melhorias esperadas após a saída da ‘troika’ de Portugal ainda estão por chegar.
“O povo sentia-se a expiar uma culpa quase coletiva afinal andamos a gastar o que não era nosso. Com a saída da ‘troika’ parece que houve uma certa libertação, não sinto ainda melhorias significativas”, analisa o padre Lino Maia.
O responsável sustenta que entre os anos de 2008 e 2014 a crise “foi forte”, tornando o país “mais pobre”, pelo que as instituições de solidariedade foram a “verdadeira almofada social”, desde a aldeia “mais recôndita de Bragança à mais ocidental da ilha das Flores”, nos Açores, mesmo com “menos apoios” e a “diminuição significativa” das comparticipações de utentes.
O presidente da CNIS entende que as pessoas “não sentem” as melhorias do pós-troika, mas admite que existe um “ambiente de maior confiança”.
Segundo o padre Lino Maia, as pessoas perceberam que tem de haver menos dependência do Estado, porque “à menor dificuldade pode colapsar”, e assinala o envolvimento e contributo do povo português durante este período.
Neste contexto, destaca que a CNIS “é um parceiro social forte” e não quer “capitalizar a boa aceitação ou prestigio” das instituições sociais para ter poder, “um trono”.
“O lugar destas instituições é estarem no serviço que nos caracteriza, às pessoas, aos mais carenciados. Gostaria que fosse isso a caracterizar os políticos”, observou o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade.
As instituições associadas estão atentas ao desemprego, pelo que nos últimos seis anos aumentaram a empregabilidade em dois nichos concretos, “as mulheres, particularmente as desempregadas, e os jovens”.
A criação da ‘Lei de Bases da Cooperação’ é uma das prioridades para o mandato de quatro anos dos novos órgãos sociais da CNIS, eleitos a 31 de janeiro, para “não” estarem ao “sabor de humores e simpatias” dos partidos políticos.
“Tenho tido boa relação com todos os governos, mas é importante dar estabilidade a este setor”, refere o padre Lino Maia, que defende um enquadramento legal aos que prestam bens públicos.
“Não somos instituições lucrativas, estamos ao serviço da comunidade e uma Lei de Bases da Cooperação é fundamental. Queremos que todos os partidos, sou crítico em relação ao arco da governação, se comprometam nas políticas sociais”, assinala.
41% das instituições sociais são “sustentadas” pela Igreja Católica, incluindo um grande número de centros sociais e paroquiais, pelo que o presidente da CNIS observa com “apreço” a intenção de criar estatutos comuns, manifestada pela Conferência Episcopal Portuguesa.
“Que prevejam que os padres estão demasiado envolvidos na direção dos centros e podem não ter formação suficiente para serem gestores financeiros e de recursos humanos. É importante uma presença laical mais acentuada”, adianta.
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