Lisboa, 07 out 2014 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa assinalou hoje em Lisboa a necessidade de uma democracia mais “abrangente e participativa”, que chegue às “pessoas atingidas pelas desigualdades”, e alertou para o futuro de quem têm carreiras contributivas curtas.
“Que reforma podemos dar às pessoas que por falta de emprego têm carreiras contributivas muito limitativas?”, interrogou Eugénio Fonseca, numa intervenção durante os debates da conferência ‘Afirmar o Futuro – Políticas Públicas para Portugal’, da Fundação Calouste Gulbenkian.
“Políticas sociais” foi o tema da manhã desta terça-feira que serviu de mote a três apresentações – Despesa pública em saúde: cortando nós górdios; Reforma sistémica dos sistemas de pensões; e Desemprego, pobreza e exclusão social.
As conferências foram da responsabilidade, respetivamente, de Pedro Pita Barros, da Nova School of Business and Economics e Institute of Public Policy; Jorge Bravo, da Universidade de Évora ; e Carlos Farinha Rodrigues, do ISEG, Universidade de Lisboa e Institute of Public Policy.
O presidente da Cáritas Portuguesa considerou que às três intervenções parece “estar evidente que existem desigualdades na Segurança Social”.
Eugénio Fonseca destacou que a “proteção social se encontra num beco sem saída, porque as desigualdades são superiores à média europeia” e tudo indica que estas se acentuem.
“Encontram-se menos protegidas as situações de maior gravidade social. Daqui resulta uma interpelação forte ao Estado e à Sociedade Civil de profundas alterações ao sistema”, alertou.
Aos conferencistas e à audiência da conferência ‘Afirmar o Futuro – Políticas Públicas para Portugal’, o interlocutor destacou uma nota que “não passou no debate”.
“Depois da última categoria e fora do âmbito político atua o dinamismo da entreajuda e do voluntariado social, pouco reconhecido em Portugal de situações que o sistema não assume ou assume com deficiência”, revelou.
Eugénio Fonseca assinalou ainda que na saúde é importante “não esquecer o princípio da universalidade” mesmo que “alguns tenham de pagar mais”, porque “deviam ter em conta quem não pode comprar de maneira nenhuma”.
A Fundação Calouste Gulbenkian explicou que um dos objetivos subjacentes ao tema da conferência é “melhorar a eficácia e a sustentabilidade das políticas públicas em Portugal”.
CB/OC