Eugénio Fonseca inicia novo mandato com alertas para consequências do desemprego
Fátima, Santarém, 15 nov 2014 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa inaugurou hoje em Fátima o Conselho Geral da organização católica com alerta contra o discurso de recuperação económica que ignora as consequências da crise e do desemprego.
“Sinto ainda tímido e com alguma hesitação o anunciado crescimento económico do país. O desemprego continua a marcar a vida das famílias e falamos do desemprego jovem, que tem empurrado toda uma geração para a emigração mas eu pergunto também e mais uma vez: o que fazer com os pais desta geração, também eles desempregados?”, assinalou, na abertura dos trabalhos.
“Até quando vamos aceitar que fiquem “emprateleirados” com a etiqueta “Desempregado de Longa Duração”? Não há Estado Social, por mais forte que seja, que possa sustentar tantas pessoas sem autonomia financeira”, acrescentou, perante os responsáveis das Cáritas Diocesanas de todo o país.
Eugénio Fonseca, que inicia um novo triénio na presidência da Cáritas Portuguesa, agradeceu à Conferência Episcopal pela “confiança” manifestada ao reconduzi-lo neste cargo.
Segundo este responsável, a atual situação do país, “em que ainda são evidentes os efeitos da grave crise social”, exige a “continuidade e intensificação da ação que vem sendo realizada” pela organização católica, acrescentando que os programas em curso “são bastante exigentes no curto prazo”.
O presidente da Cáritas Portuguesa assumiu a necessidade de melhor a “organização, gestão e viabilidade financeira” dos serviços, com base na qualificação e capacitação dos agentes da pastoral social.
“Em comunhão com a Igreja, a missão da Cáritas é ser a bandeira da transformação na ação social. Se muita coisa já mudou no nosso país, na nossa Europa, muita coisa tem também de mudar na forma como as pessoas e as instituições se relacionam”, declarou Eugénio Fonseca.
O presidente da Cáritas Portuguesa ligou a crise económica a uma “transversal crise de valores”, que exige uma ação de cidadania e de atenção ao bem comum.
“Precisamos de ser capazes de antecipar novos caminhos, caminhos que tragam de volta uma civilização que foi sonhada pelo Santo João Paulo II: a civilização do amor. A Cáritas é este Amor. Um amor que deve promover os verdadeiros protagonistas da pobreza quase sempre remetidos ao silêncio e impedidos de ter uma palavra na definição do seu próprio futuro”, prosseguiu.
A sessão inaugural contou com a presença de D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, o qual recordou que as organizações católicas de solidariedade e ação caritativa são mais do que um mero serviço social.
O Conselho Geral da Cáritas encerra-se este domingo, às 11h00, com uma Missa na Basílica da Santíssima Trindade onde será feita a tradicional entrega da Luz da Paz, no âmbito da Operação de Natal ‘10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz’.
A celebração será presidida por D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e de Segurança, membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
JCP/OC