Presidente da República abordou o tema num seminário organizado pela Igreja Católica presente no meio militar
Lisboa, 01 jun 2017 (Ecclesia) – O presidente da República Portuguesa disse que “a materialização da paz” pede mais a toda a sociedade e não pode ser entendida apenas como “um intervalo entre guerras”.
No âmbito do Seminário ‘Paz e Futuro da Humanidade’, que decorreu no Campus da Academia Militar na Amadora, Marcelo Rebelo de Sousa realçou a necessidade de “debater a paz num mundo complexo, onde proliferam os conflitos e a desordem”.
Frisou também que a cultura atual parece conformada com a “inevitabilidade da guerra”, e é preciso fazer mais, a começar pelos líderes mundiais.
“Estamos perante um conceito de paz negativo, marcado por um vincado pessimismo, alegadamente realista mas verdadeiramente abúlico no sentido de se traduzir na falta de vontade quanto à materialização da paz”, apontou.
O Seminário ‘Paz e Futuro da Humanidade’, que congregou esta quarta-feira responsáveis das diversas forças militares portuguesas, bem como responsáveis de várias igrejas cristãs, contou com a organização do bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança.
Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Manuel Linda mostrou-se convicto de que esta “semente” que foi lançada permitirá no futuro refletir sobre a busca da paz de uma forma alargada, congregando contributos dos vários quadrantes da sociedade.
Um fórum onde a Igreja Católica também quer ter uma palavra a dizer, até porque é sua convicção de que a falta de paz está hoje diretamente ligada à “rejeição de Deus” e a um “clima de positivismo, naturalismo, de ateísmo militante” que ganhou força a partir dos séculos XVIII e XIX.
“Se formos observar a modernidade, vemos um crescendo quer em quantitativo de guerras, quer no qualitativo da violência, cujos máximos foram a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial”, recordou o responsável católico.
O evento na Academia Militar não esqueceu a comemoração este ano do centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, e a importância da mensagem de paz que emana da Cova da Iria.
Na Academia Militar, estiveram vários responsáveis cristãos que quiseram dar o seu contributo para o debate, a começar pelo bispo de Leiria-Fátima.
D. António Marto salientou que Fátima permanece como “promessa consoladora” para um mundo onde “milhões de pessoas vivem ainda no meio de conflitos insensatos” e em que “mesmo lugares outrora considerados seguros” estão tomados por “uma sensação geral de medo”.
“Fátima é uma mensagem de misericórdia da parte de Deus, sensível aos sofrimentos da humanidade, para dizer que o mal e a guerra não são uma fatalidade, que é possível vencer esse mal através de outras armas diferentes das militares, que são as armas da conversão dos corações, da reparação do mal do mundo e da oração que transforma as pessoas e a cultura dos povos”, disse D. António Marto à Agência ECCLESIA.
O bispo da Igreja Lusitana de Comunhão Anglicana, outra das vozes presentes no Seminário, defendeu que todas as religiões devem trabalhar unidas a favor da paz, que se constrói em várias áreas, desde o “desenvolvimento” à “justiça”, da “solidariedade e educação” à “salvaguarda da vida humana”.
“A paz tem que ser construída todos os dias, um pouco como a democracia e a liberdade. E isso só será tanto mais realidade na medida em que nos unir a todos”, sustentou.
Este Seminário ‘Paz e Futuro da Humanidade’, organizado pela Igreja Católica presente no meio militar, contou ainda com participação de figuras como o ministro da Defesa Nacional, José Alberto Azeredo Lopes, e o núncio apostólico (representante diplomático da Santa Sé) em Portugal, D. Rino Passigato.
JCP