D. José Policarpo foi recebido pelo presidente da República antes de se despedir, lembrando «momentos altos» à frente da diocese
Lisboa, 27 jun 2013 (Ecclesia) – O patriarca emérito de Lisboa, D. José Policarpo, disse hoje que a “esperança” sobrevive a todas as crises e elogiou os portugueses, falando com os jornalistas à entrada para um almoço com o presidente da República, em Belém.
“A esperança é um valor espiritual, não morre com as crises” e “suscita-se com os momentos difíceis”, disse o cardeal, após uma audiência privada com Aníbal Cavaco Silva.
O responsável defendeu que essa esperança é “absolutamente fundamental” para que “a sociedade possa vencer”, com “serenidade”, os desafios que enfrenta.
“Somos (Portugal) um povo ousado que não cruza os braços diante do sofrimento: vamos mais uma vez não cruzar os braços”, convidou.
D. José Policarpo despede-se da Diocese de Lisboa este sábado, numa celebração em que vão ser ordenados novos padres e diáconos, às 10h30, no Mosteiro dos Jerónimos.
O cardeal, de 77 anos, apresentou a sua renúncia ao cargo em 2011, por limite de idade, resignação aceite por Bento XVI e confirmada pelo Papa Francisco, que a 18 de maio nomeou como novo patriarca de Lisboa o até agora bispo do Porto, D. Manuel Clemente.
O antigo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa deixou votos de que “todos tenham a coragem, quando lutam por qualquer coisa, de apresentar ao povo português as soluções que têm na manga”.
“O que precisamos é de caminhos, se forem caminhos novos tanto melhor, mas que sejam caminhos objetivos, sólidos no contexto internacional que é cada vez mais complicado”, defendeu D. José Policarpo.
O cardeal classificou como “simpático” o gesto do presidente da República, que o convidou para este encontro, no qual vê também um “reconhecimento” do papel da Igreja Católica na sociedade portuguesa, cuja missão “não se decide na relação com o momento que passa”.
D. José Policarpo, 16.º patriarca de Lisboa assumiu esta missão a 24 de março de 1998, após a morte de D. António Ribeiro, de quem era coadjutor desde março de 1997.
“A minha preocupação principal não foi de protagonismo pessoal, foi com o ministério que me foi entregue fazer crescer esta Igreja de Lisboa, que é muito bonita. Essa preocupação não a altero neste momento, tenho é de descobrir outra maneira de servir esta Igreja onde – deve ser caso único em Portugal – eu nasci, fui batizado, descobri a vocação sacerdotal”, declarou.
“Sempre vivi aqui, esta Igreja é a minha família”, acrescentou o cardeal.
Como “momentos altos” destes 15 anos, D. José Policarpo destacou, além da realização do encontro inter-religioso da Comunidade de Santo Egídio (2000), o Congresso Internacional para a Nova Evangelização, que decorreu em cinco sessões entre Viena e Budapeste, com passagem por Lisboa (2005).
“Foi uma experiência muito bela, que ainda hoje tem consequências”, assinalou.
As visitas papais de João Paulo II e Bento XVI foram recordadas como “momentos muito fortes”, sublinhando que em relação ao Papa alemão, em 2010, Lisboa ainda “respondeu melhor”.
O Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), convocado por Bento XVI, e o 50.º aniversário da abertura dos trabalhos do Concílio Vaticano II (1962-1965) foram apresentados pelo patriarca emérito como “desafios” para a Igreja.
MD/OC
Notícia atualizada às 15h48