D. Rui Valério diz que é necessária uma «estratégia global» contra a pobreza

Lisboa, 29 mar 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa afirmou que a campanha eleitoral deve de incluir o debate sobre a pobreza em Portugal e que o excedente orçamental atual tem de se mobilizar numa “estratégia global” que resolva problemas estruturais do país.
Em declarações à Agência ECCLESIA e à Renascença, no Congresso Nacional da ACEGE, D. Rui Valério disse que deve haver uma “estratégia de investimento” para que o excedente orçamental não seja para “ir fazendo uns biscates”, mas para se “mobilizar numa estratégia global de promoção de trabalho, de projetos, de respostas para quem necessita”.
De acordo com a informação divulgada pelo Governo na última quarta-feira, Portugal encerrou o ano de 2024 com um excedente orçamental de 0,7% do PIB.
D. Rui Valério recordou a parábola bíblica dos talentos e disse que “os excedentes que existem devem ser utilizados naquela perspetiva com que Jesus contou”, ou seja, “o que emerge a partir de um determinado empenho, de um determinado investimento, é sempre em ordem a que esse investimento gere novo investimento para fazer face às necessidades”.
No contexto da campanha eleitoral e das propostas governamentais, o patriarca de Lisboa referiu a necessidade de uma “conjugação de esforços” para fazer face à pobreza em Portugal.
“Se não for assim, nós continuamos a andar a tapar o sol com a peneira, continuaremos numa política de remendos”, apontou.
D. Rui Valério lembrou que os pobres “são vítimas” da globalização, que “a pobreza está dentro de famílias inteiras”, mesmo com trabalho, e que é necessário “encontrar e ensaiar caminhos e formas de resolver este drama”.
O Congresso Nacional da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) termina hoje e tem por tema “Construtores da Esperança”, reunindo mais de 400 líderes empresariais no Centro de Congressos de Lisboa.
O patriarca de Lisboa lembrou que a esperança cristã “é uma atitude e é uma força” que cada pessoa recebe “a partir do alto, a partir de Deus” e “essa força e essa atitude é em ordem a construir ou reconstruir o presente, o momento”.
“Neste contexto, onde há uma carga de impostos imensa, onde há tantos outros desafios da sociedade e do atual contexto socioeconómico mundial, a esperança é a grande arma para que os empresários e os trabalhadores têm para reconfigurarem a realidade tal como ela que é, para não se deixarem esmagar por ela, mas para que a possam reconstruir e reconstruir”, afirmou.
O Congresso Nacional da ACEGE iniciou esta sexta-feira com uma Missa, presidida pelo patriarca de Lisboa, contou com a presença do presidente da República na sessão de abertura e vai terminar com a tomada de posse dos novos órgãos sociais da Associação Cristã de Empresários e Gestores, que vai passar a ser presidida por Patrícia Liz.
PR