D. Rui Valério destaca importância das comemorações do quinto centenário do nascimento do poeta
Lisboa, 11 jun 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa saudou o início das comemorações do quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, esta segunda-feira, destacando o “universalismo” do poeta português.
“[É importante] prestar-lhe a devida homenagem e, ao mesmo tempo, fazer memória viva de um português, um intelectual, um homem que transpira Evangelho quando escreve e quando olha, compreende ou interpreta a realidade. É o universalismo que se tem ali”, disse D. Rui Valério, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O responsável católico assinala que autor d’Os Lusíadas foi capaz de captar a “discreta passagem do Espírito pelos diversos acontecimentos e pelas diversas personagens”.
“É qualquer coisa que nós, talvez, tenhamos perdido com o passar dos anos. Eu regresso muito a Camões”, refere.
Para o Patriarca de Lisboa, o poeta, nascido há 500 anos, teve sempre “o cuidado de apelar a forças, além das humanas”.
“Nunca é só fruto da sua bravura, vai muito além disso”, acrescenta.
D. Rui Valério vê n’Os Lusíadas um livro “profundamente teológico, profunda e altamente teológico”, a que a Igreja pode hoje, também, fazer a “devida homenagem”, encontrando na obra uma “uma gramática de compreensão da realidade”.
“Camões pode ajudar-nos a esta apropriação da palavra do Evangelho para o momento histórico que estamos a viver”, precisa, falando num “bálsamo de esperança”.
É um livro de poesia, onde nos reencontramos para interpretar e compreender o nosso presente e até a nós próprios. E, portanto, desafia-nos a essa aventura”.
As comemorações do 500.º aniversário do nascimento de Luís de Camões iniciaram-se no âmbito das celebrações do Dia de Portugal, em Coimbra.
“Talvez o ato de partilha mais generoso dessa busca de Luís de Camões e do Portugal do seu tempo tenha sido a Língua portuguesa, a Língua que o poeta modelou e aperfeiçoou em versos de rara fineza”, afirmou Rita Marnoto, a comissária-geral da estrutura de missão responsável pelas comemorações do quinto centenário do nascimento do poeta.
Já o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, considerou que “a pátria de Camões não era tanto o Portugal real, mas o Portugal sonhado”.
OC