Cerca de 80 pessoas integram comitiva portuguesa e padre João Gonçalves espera que mensagem «mobilizadora» do Papa Francisco chegue à sociedade e aos governantes
Aveiro, 03 nov 2016 (Ecclesia) – O coordenador da Pastoral Penitenciária em Portugal informou que um recluso e quatro ex-reclusos vão participar num encontro com o Papa, pelo Jubileu da Misericórdia deste setor, nos dias 5 e 6 de novembro, no Vaticano.
A iniciativa foi apresentada hoje em conferência de imprensa pela Santa Sé.
Numa nota enviada à Agência ECCLESIA, a Pastoral Penitenciária de Portugal informa que a comitiva nacional integra “aproximadamente 80 pessoas” onde para além de um recluso e quatro ex-reclusos contam-se visitadores, acompanhantes e familiares.
Em entrevista, o padre João Gonçalves já tinha explicado que o recluso da Diocese do Porto, que vai participar na Peregrinação Nacional da Pastoral Penitenciária ao Vaticano, manifesta “a alegria de ir, de encontrar-se com o Papa” porque Francisco “é uma personalidade muito admirada, especialmente, pelos reclusos”.
“[O Papa] tem falado muitas vezes em pessoas da periferia e os presos sentem esse grande apoio”, disse o sacerdote, comentando que o recluso vai em nome pessoal, mas, de algum modo, “vai também em nome dos reclusos de Portugal”.
O coordenador nacional da Pastoral Penitenciária acrescentou que os “quatro ex-reclusos, alguns ainda em liberdade condicional”, são pessoas que transmitem e dizem à sociedade “o amor e o carinho” que o Papa “merece” porque “tem tido mensagens excelentes” em relação a esta área pastoral.
“Quer diretamente para eles, quer do modo como tem falado à sociedade e aos governos”, observa, sublinhando a “admiração extraordinária” da pessoa detida em relação ao Pontífice argentino.
D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa, que acompanha a Pastoral Penitenciária de Portugal também integra a peregrinação ao Vaticano, nos dias 5 e 6 de novembro.
A principal presença do Papa Francisco no encontro com os reclusos, ex-reclusos e demais participantes vai ser este domingo, na Eucaristia das 10h00 locais (menos uma hora em Lisboa), na Praça de São Pedro.
“Estamos muito confiantes que faça uma comunicação de fundo que possa, depois, mobilizar-nos para a nossa programação de intervenção nas prisões. Estamos muito esperançados nisso”, refere o sacerdote da Diocese de Aveiro
“Vamos para que o Papa nos apoie no nosso trabalho e nos estimule”, conta.
O padre João Gonçalves apela à união das comunidades católicas ao Jubileu dos Reclusos, que essa celebração seja referida nas Eucaristias e as palavras do Papa divulgadas na comunicação social, nos boletins paroquiais para ser estudada.
Neste contexto, adianta que “gostava muito” que os governantes e os deputados portugueses pudessem ver nessa mensagem de Francisco “um apelo que algo de bem possa ser feito em relação aos reclusos e ao sistema penitenciário” nacional.
“Gostava que o Ano da Misericórdia pudesse ser marcante de modo especial os nossos governantes porque são eles que fazem as leis”, explica.
“Sempre que possamos evitar que alguém passe pela prisão é um passo muito grande porque não é só entrar na prisão que é um drama enorme. Entrar traz o problema duplo: Entrar e estar preso, sair e ser reintegrado”, ilustrou.
Das diversas iniciativas realizadas pela Pastoral Penitenciária em 2015 e 2016, o sacerdote destaca a “celebração da Misericórdia nas prisões” – Eucaristia, confissões e documentos para reflexão – em muitas com a presença do bispo diocesano e a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima.
“Momentos muito importantes, uma vivência espiritual de riqueza excecional e carregada de emoções”, comentou o padre João Gonçalves.
CB/OC