Sacerdote distinguiu-se ao serviço da comunidade emigrante na Venezuela
Lisboa, 22 out 2021 (Ecclesia) – O Parlamento português aprovou hoje, por unanimidade, um voto de pesar pelo falecimento do cónego Alexandre Mendonça, falecido a 13 de outubro, em Caracas, aos 67 anos de idade, vítima de Covid-19.
O texto evoca mais de 33 anos de sacerdócio vividos “diretamente e intensamente ao serviço da comunidade luso-venezuelana”.
Nascido em São Pedro do Funchal, na Madeira, o padre Alexandre Mendonça emigrou para a Venezuela aos 12 anos de idade; como sacerdote serviu a comunidade de Campo Rico, “uma paróquia popular de gente muito pobre”, e foi capelão de vários organismos de segurança pública venezuelanos.
Em 1999, abriu as portas da Missão Católica Portuguesa para acolher dezenas de compatriotas que perderam as suas casas e familiares durante as enxurradas no estado venezuelano de Vargas; presidiu à Fundação Virgem de Fátima e foi assessor do Movimento Sacerdotal Mariano.
“O cónego Alexandre tinha também uma aguda consciência política, nomeadamente no que concerne às condições de vida dos venezuelanos, em várias ocasiões demonstrando a sua preocupação pelas carências da comunidade lusa local e pela situação de insegurança no país, alertando para os perigos da polarização da situação no país decorrentes de discursos extremados entre os apoiantes do governo e da oposição”, indica o texto do voto de pesar.
Em 1997 foi agraciado pelo presidente da República com o grau de Comendador da Ordem de Mérito, e, em 1999, com a ordem Cecílio Acosta, primeira classe, pelas autoridades do Estado de Miranda (Venezuela); em junho de 2019, foi condecorado com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, por ocasião do Dia de Portugal, que aproveitou para apelar aos portugueses para darem atenção aos mais vulneráveis, em particular aos anciãos luso-venezuelanos.
“O padre Alexandre Mendonça era sobretudo muito próximo da comunidade. Sabia ouvir. Sabia intervir quando estavam em causa as suas vidas e a proteção do seu bem-estar. Era um suporte ao trabalho consular e diplomático e chegava onde mais ninguém conseguia alcançar. A sua voz serena era o maior sinal da sua força”, conclui o texto aprovado pelo Parlamento português.
OC