Portugal: Parlamento aprova Orçamento do Estado que mereceu reparos de organizações católicas

Cáritas, Vicentinos, LOC/MTC e Comissão Justiça e Paz revelam-se preocupados com medidas propostas pelo Governo

Lisboa, 26 nov 2013 (Ecclesia) – O Parlamento português aprovou hoje em votação final global a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2014, documento que mereceu várias críticas e sugestões de instituições ligadas à Igreja Católica.

O OE foi hoje aprovado pela maioria PSD/CDS-PP, com os votos contra de todas as bancadas da oposição e do deputado democrata-cristão eleito pela Madeira, Rui Barreto.

Numa análise ao próximo orçamento, a Comissão Nacional Justiça e Paz pediu ao Governo que coloque as “pessoas antes dos números, sempre” uma vez que “existe não para cumprir metas orçamentais, mas para promover o bem-estar das pessoas e das famílias, de forma sustentável”.

“Não há sociedade que resista à supressão dos pilares em que assenta a coesão social” e em Portugal tem-se verificado “a pura e simples eliminação das regras básicas de convivência e confiança entre as pessoas e as instituições como se o país fosse uma folha em branco, onde caberia ao poder político começar a escrever a história nacional”, assinalou a organização da Igreja Católica.

Para o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, o próximo OE vai colocar “mais dificuldades” e “sacrifícios” às famílias portuguesas que já “não falam em sacrifício” porque “estão a viver um martírio”.

O responsável considera que Portugal “deve honrar os seus compromissos” e pagar a dívida mas teme que o “antibiótico aplicado seja tão forte, que em vez de matar o ‘vírus’ se esteja a ferir de morte os doentes”.

“Tenho de dizer que este orçamento e todas estas medidas que estão a ser tomadas são medidas de pessoas que, de facto, não conhecem a realidade, que não estão a viver no mesmo país onde há pessoas a sofrer tanto”, afirmou por sua vez António Correia Saraiva, presidente da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP).

“Há pessoas à porta deles [políticos] ou ao lado da casa dos familiares deles que estão a passar fome, que estão sem água e sem luz, que querem cozinhar e não têm gás para cozinhar e esta realidade eles não conhecem e como não conhecem fazem todas estas leis que de fato humilham as pessoas cada vez mais”, acrescentou.

Nesse sentido, também a Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) emitiu um comunicado que critica o OE 2014,  ao qual apontam “injustiças”: “Constatamos que existe neste OE um enorme retrocesso social que afeta de maneira especial as pessoas mais desprotegidas, com menor capacidade de defesa, levando a um aumento da pobreza, da precariedade, da violência e de outros problemas sociais”.

O patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente disse esperar que as medidas do OE se limitem ao “estritamente” necessário para “que não sejam sempre aqueles que estão mais indefesos que tenham de pagar faturas que são de todos”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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