Presidente da Assembleia-Geral da União das Misericórdias Portuguesas alerta para problemas que ficaram sem resposta no Orçamento de Estado para 2023
Porto, 14 out 2022 (Ecclesia) – José Silva Peneda, presidente da Assembleia-Geral da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), disse à Agência ECCLESIA e Renascença que o país viveria um “desastre” sem as Instituições de Solidariedade.
“Eu julgo que seria um desastre completo, ou seja, um caos”, refere o convidado da entrevista conjunta semanal, emitida e publicada aos domingos.
O antigo Ministro do Emprego e da Segurança Social considera que o Estado não teria “nem capacidade, nem energia, nem sagacidade para resolver os problemas que são resolvidos a nível local”.
“Estou muito preocupado com a vida das instituições”, assume, falando em “casos dramáticos”, como na área dos cuidados continuados, onde “não há camas”, vivendo-se uma situação “insustentável”.
O entrevistado sustenta que o combate à pobreza tem de ser feito “numa base de aproximação à realidade concreta”.
Há aqui um problema de fundo, um problema grave que tem de ser equacionado e que este Orçamento não resolve de uma forma clara”.
Silva Peneda aponta aos desafios levantados pelo envelhecimento da população, que exige outro tipo de cuidados, lamentando a ausência de uma “estratégia clara” para a terceira idade.
Esta segunda-feira começa em Fátima o 34.º Encontro da Pastoral Social, com o tema ‘A Pandemia, a Guerra e os pobres’, numa iniciativa do Secretariado Nacional da Pastoral Social.
O presidente da Assembleia-Geral da UMP mostra-se preocupado com os 2,3 milhões (dados do Eurostat) de pessoas em risco de pobreza, 22,4 por cento da população portuguesa.
“O mais impressionante é que 11 % desses que estão em risco de pobreza são trabalhadores, são gente que trabalha”, alerta.
A situação, observa Silva Peneda, agravou-se com a pandemia, aprofundando as desigualdades, com particular impacto na classe média.
“Neste momento, a classe média praticamente está a desaparecer. As medidas de apoio às classes mais baixas são importantes, mas a classe média praticamente desapareceu”, adverte.
O entrevistado destaca ainda o “papel social” das empresas papel das empresas.
“O verdadeiro empresário é aquele que consegue criar condições de riqueza e fazer da sua empresa um lugar de realização pessoal e profissional dos que lá trabalham”, indica.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)