Plataforma de Apoio mobiliza portugueses no acolhimento e integração de famílias
Lisboa, 04 set 2015 (Ecclesia) – Um conjunto de organizações da sociedade civil portuguesa lançou hoje a PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, que visa ajudar a minimizar o impacto da “grave crise humana” que se vive a nível mundial.
O objetivo desta plataforma é focar-se no acolhimento e integração de famílias refugiadas e no apoio aos refugiados no seu país de origem.
A apresentação à imprensa contou com a presença de Sabina Karamehmedovic, que chegou a Portugal do Leste da Europa com o estatuto de refugiada em 1992, com mais 100 pessoas que o país protegeu, a qual recordou que “foi essencial o acolhimento” que recebeu de uma família e da restante comunidade de Soure, Coimbra.
“Esse acontecimento foi decisivo para a nossa integração neste país e penso que os meus pais decidiram ficar cá porque a comunidade que nos recebeu foi muito acolhedora”, assinalou.
Os pais tiveram ajuda para encontrar trabalho e Sabina e a irmã começaram a frequentar a escola, “a partir daí a vida desenvolveu-se de forma natural”, tendo-se formado em Arquitetura.
A partir da sua própria realidade, incentiva os portugueses, que ainda não estão recetivos e têm receio, a receber refugiados em Portugal: “As pessoas pura e simplesmente precisam de um sítio para viver porque onde estavam não lhes é permitido continuar. Ninguém precisa de ter medo, as pessoas não se querem aproveitar”.
“Os refugiados precisam apenas de um refúgio por algum tempo e as pessoas não precisam de ter medo de não saber a língua. Toda a gente comunica”, acrescentou Sabina Karamehmedovic.
O presidente do Instituto Padre António Vieira, um dos mentores da Plataforma de Apoio aos Refugiados, revela que as instituições da sociedade civil “reconhecendo a liderança ao Estado” no acolhimento e integração de refugiados, “não quiseram” deixar de estar presentes.
“A capacidade de propor que uma instituição anfitriã acolha uma família de refugiados e que lhes garanta não só o alojamento e alimentação mas também o acesso à educação, saúde, ao trabalho e aprendizagem de português”, explicou Rui Marques, sobre o “movimento que nasceu hoje” de preparação para acolher com “dignidade e com sentido de solidariedade” os refugiados que vão chegar a Portugal.
O antigo Alto Comissário Adjunto para a Imigração e Minorias Étnicas sugeriu ainda a qualquer português que tenha “alguma hesitação ou duvide” desta iniciativa de acolher quem “foge da guerra” se coloque nesta posição.
“Há um princípio ético universal, faz aos outros aquilo que gostavas que te fizessem a ti. Creio que se seguirmos essa regra teremos com certeza a resposta que é só uma: Acolher como gostaríamos que fossemos acolhidos”, acrescentou Rui Marques.
A PAR conta com mais de 30 instituições e entre as organizações conta-se a Cáritas Portuguesa, Conselho Português dos Refugiados, Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNIS), Comissão Nacional Justiça e Paz, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) e Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS, sigla em inglês).
A conferência de imprensa foi o momento escolhido para lançar o sítio online da Plataforma de Apoio aos Refugiados – www.refugiados.pt – que na página principal tem uma frase da escritora Sophia de Mello Breyner: “Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar”.
CB/OC